José Sena Goulão / Lusa

Maior impacto seria com a CDU, o Chega e o Livre. O mais moderado é o PS, seguido da IL e da AD, os únicos programas minimamente “sérios”, dizem os investigadores.
Um estudo do ISEG coordenado pelo investigador António S. Silva investigou com detalhe as propostas dos programas eleitorais dos partidos com assento parlamentar (à exceção do PAN), numa análise partilhada com o Expresso.
O resultado da investigação concluiu que as propostas de todos os partidos “chutam” Portugal para o vermelho.
“A ideia deste trabalho é tentar elevar um pouco o debate político e responsabilizar os partidos, visto que atualmente ninguém tenta estimar o custo das opções propostas, o que leva os programas a serem bastante irrealistas. Em contraste com outros países, onde os programas são verificados e discutidos por entidades externas e onde este escrutínio resulta em as propostas dos partidos serem bastante mais realistas”, diz o investigador ao semanário.
O programa que causaria mais impacto seria o da CDU, com um mínimo de 17,875 e um máximo de 24,848 milhões de euros de custos associados. Os gastos prendem-se, nomeadamente, com o aumento do investimento público para 5% do PIB, ou o aumento geral dos salários em 15%. O défice aumentaria em 8,7%.
Segue-se o Chega, que provocaria um défice de 8,3% com medidas como a descida da taxa de IRC para 15% ou a criação de dois escalões de IRS de 15% e 30%.
O Livre aposta no Novo Pacto Verde, que implicaria um investimento que chegaria a 2% do PIB, o que provocaria um défice de 5,4%. O Bloco de Esquerda provocaria também um saldo negativo de 3%.
Os que provocariam menos défice seriam a AD (2,7%), a IL ( 2,3%) e o PS, o mais contido de todos, mas que ainda assim atiraria Portugal par ao vermelho — 1,2% negativos.
António S. Silva critica: “a grande maioria destas medidas não é séria, à exceção das do PS, AD e IL, em certa parte. Estes padrões não são exequíveis, não há dinheiro nem possibilidade de endividamento para financiá-los, e as regras europeias não o permitiriam. Trata-se de propaganda“.
O que fazer? “”Responsabilizar os partidos para começarem a fazer propostas realistas”.