Uma professora de uma escola católica no norte de Itália está a acusar a instituição de a ter despedido por causa da sua orientação sexual, num caso que está a causar grande polémica no país.
A professora em causa, docente do colégio católico Sacro Cuore, na cidade de Trento, diz que foi questionada pela direcção da escola acerca da sua orientação sexual e que se recusou a responder a perguntas íntimas.
“A diretora afirmou que eu era uma boa profissional, mas que havia problemas por causa de boatos que diziam que eu seria lésbica”, disse a professora, que quer manter o anonimato.
Citada pelo jornal La Stampa, a professora diz que se recusou a desmentir o facto, conforme pedido pela directora, a madre católica Eugenia Libratore.
Depois disso a professoria viria a ser informada de que o seu contrato não seria renovado.
Aspectos éticos
Numa nota à imprensa, a escola não negou as alegações da professora.
“Quando escolho uma professora para uma escola católica, devo também levar em conta aspectos éticos e morais”, disse a madre.
Libratore diz que falou com a professora para esclarecer boatos que tinha ouvido.
“Ela nem pelo menos respondeu às perguntas. Tinha que saber, já que sou responsável por mil alunos e mais de cem professores.”
Numa nota posterior, divulgada pelo jornal local Il Trentino, a escola Sacre Cuore diz que a professora teria “feito observações impróprias sobre sexualidade, impróprias ao ambiente escolar”.
Segundo a nota, pais e alunos teriam comentado o facto junto da direcção do colégio.
Polémica
A ministra italiana da Educação, Stefania Giannini, diz que o seu Ministério abriu uma investigação para apurar os factos.
“Se realmente houve discriminação sexual, seremos muito severos”, disse Giannini.
Vários grupos que representam os interesses de gays e lésbicas em Itália protestaram contra o ocorrido.
A associação Arcigay exigiu que o governo da província da cidade de Trento esclareça o caso rapidamente, já que a escola é financiada com dinheiro público.
Numa nota conjunta, as associações Arcilesbica, Agedo, Equality e Famiglie Arcobaleno dizem que o ocorrido equivale a uma “execução sumária” e pedem à ministra da educação que “restaure a dignidade à professora ofendida”.
A docente não decidiu ainda se abrirá processo contra a escola. Citada pelo jornal Il Fatto Quotidiano, ela diz que está desempregada, mas que não quer o seu emprego de volta.
“Não tenho nenhuma vontade de trabalhar numa escola que se comporta desta maneira”, afirmou.
Nos últimos anos, diferentes sectores da sociedade italiana passaram a apoiar abertamente os direitos dos homossexuais.
Partidos conservadores e o ex-primeiro-ministro, o líder de direita Sílvio Berlusconi, proclamaram-se recentemente a favor da união homossexual no país.
ZAP / BBC