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“Elas metem-se a jeito”. Professor da Universidade Nova suspenso por comportamentos machistas

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“Só dei um 19 na minha vida, e fiquei muito feliz que foi a um homem”. Este é um dos exemplos de comentários que foram feitos pelo professor da Universidade Nova de Lisboa. Entretanto, a instituição optou por suspender preventivamente Manuel Filipe Canaveira, após um grupo de 78 alunos se ter juntado para apresentar queixa.

Os alunos que frequentam as aulas do professor, classificam os seus comportamentos como “desnecessários”, “ofensivos” e “assustadoramente machistas”. Citada pelo Observador, a carta entregue pelos alunos à reitoria da faculdade, contém vários exemplos de alegadas afirmações polémicas.

“Não me admira nada as meninas de 15 anos que andam com decotes e com as maminhas à mostra andarem a ser violadas… Elas metem-se a jeito”, pode ler-se. Um outro comentário feito foi: “Meninas, não imitem as mulheres no carnaval do Brasil e vão de peito para fora no carnaval. Aqui está frio e vai parecer pata de galinha”.

Além disso, o professor universitário disse também: “Todas as mulheres que foram importantes na história ou tinham caraterísticas masculinas, ou foram apoiadas por homens”. “As mulheres para se darem ao respeito têm de usar maquilhagem e saltos altos”, referiu ainda.

“Só dei um 19 na minha vida, e fiquei muito feliz que foi a um homem”, disse noutro comentário, citado no documento.

A carta foi assinada por alunos e ex-alunos da licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais da NOVA-FCSH e frisa que os comportamentos e comentários do professor causam “alargada preocupação” por se virem revelando “cada vez mais desnecessários e, no limite, ofensivos”, ultrapassando “as barreiras do respeito”.

Depois de ser apresentada a queixa, a universidade ouviu alguns dos alunos que assinaram a carta e, por isso, em dezembro, abriu um processo disciplinar a Manuel Canaveira e suspendeu preventivamente o professor.

O processo ainda está a correr, mas na noite de sexta-feira os alunos foram informados de uma mudança de docente.

Por sua vez, Canaveira disse ao Observador que está impedido de comentar o assunto por conhecer apenas as acusações “genéricas” que lhe são feitas. Quer também manter o sigilo enquanto o processo está a ser analisado, sublinha.

“Sei apenas o que está a acontecer-me ao fim de 39 anos de serviço docente, durante os quais lecionei milhares de alunos, mestrandos e doutorandos que nunca fizeram uma queixa sobre a minha atividade docente, nem como cidadão”, disse, mostrando-se indignado com a queixa.

Ao Observador referiu ainda: “Infelizmente a cultura woke chegou à universidade portuguesa. Pelo menos à minha” Woke é um termo usado em inglês para referir pessoas com uma consciência e intervenção mais focada em questões de justiça social.

Até agora, a Universidade Nova de Lisboa ainda não fez comentários sobre o caso.

Ana Isabel Moura, ZAP //

23 Comments

  1. De facto, o Professor em causa profere umas frases que não lembram ao demónio mas, ser suspenso porque é machista? Já não se pode ser machista nas opiniões, desde que não se molestem nem agridam as mulheres? Note-se, eu não me identifico minimamente com este tipo de frases e opiniões machistas. Não é assim que eu penso nem falo. Mas é que a questão é mesmo essa: as pessoas que diferem completamente de mim TAMBÉM têm direito à sua opinião e à sua maneira de olhar para o mundo. Não há só uma maneira de ver o mundo e mesmo que houvesse, não tinha de ser a da esquerda identitária do politicamente correcto.

    “Meninas, não imitem as mulheres no carnaval do Brasil e vão de peito para fora no carnaval. Aqui está frio e vai parecer pata de galinha”.

    – Qual é o problema desta frase em particular? As outras frases são de facto estúpidas, mas esta?… O homem já não pode dizer que não gosta de ver as adolescentes bêbadas de mamas ao léu no gelo do Carnaval? E vai-se suspender um professor universitário por causa de dizer o que pensa?!.. O meio académico foi decididamente tomado de assalto pela esquerda identitária do Pós-Modernismo e do Estruturalismo.

    Como ele diz e muito bem: “Sei apenas o que está a acontecer-me ao fim de 39 anos de serviço docente, durante os quais lecionei milhares de alunos, mestrandos e doutorandos que nunca fizeram uma queixa sobre a minha atividade docente, nem como cidadão”

    – É de facto vergonhoso que tenhamos tão rapidamente regredido de uma sociedade em que as pessoas se indignavam com justa causa por motivos válidos, para uma em que se anda à procura de motivos para se ficar indignado, e autênticamente a ver “mosquitos na outra banda”.

  2. Mais uma vítima da histeria da ‘cancel culture’. Um dos problemas é que existe uma visão e postura unilateral e enviesada. Comentários do género por mulheres são, pelo contrário, socialmente bem aceites e, diria mesmo, aclamados e encorajados, alvo de ovações apeadas. Afirmar que as mulheres são melhores que os homens, e que os homens são nocivos e tóxicos é hoje politicamente correcto. É de facto a Woke Culture.
    Quem não se alinha com a corrente dominante e de ‘justiça social’ é cancelado, amordaçado e ostracizado. Não faltam exemplos pelo mundo. Como criticar a Meghan Markle ou os BLM, que dá direito a despedimento e ameaças. Como criticar o actual movimento feminista, torna-se sinónimo de sexismo. E muitos etcéteras.
    Enfim. São afirmações despropositadas pelo Professor, mas não justificam despedimento. Por outro lado, não faltam docentes ultra-liberais que impregnam as aulas de ideologia política, feminista, de género e comunista, que são tratados com palmadinhas nas costas. Se é para um, deve ser para todos.

    • Na mouche! Totalmente de acordo.
      Urge as pessoas organizarem-se para combater a Cancel/Woke Culture. Eles já estão organizados há muito tempo… Nós estamos à espera de quê? Há que postar, comentar, fazer blogs, vlogs, artigos, posts nas redes sociais… Se os Identitaristas podem porque não havemos de o fazer nós?

  3. O professor errou! Mas não pelo que disse, mas onde o disse…
    A sala de aula não é uma esplanada de café.
    Eu até concordo com algumas coisas que ele disse, especialmente com a afirmação do carnaval.
    Sou plenamente a favor da igualdade de direitos, mas de facto já se passou essa linha a muito tempo…
    Igualdade de direito para as mulheres, mas também para os homens, qualquer dia um piropo dá direito a prisão perpétua.

  4. Um Professor Universitário ser suspenso por comportamentos machistas? Em PORTUGAL? Num País “democrático e Europeu” … Não haveria outras formas de resolver essas questões entre adultos…Não haverá outros questões que levaram à suspensão do respectivo Professor?

  5. A comunicação social está cada vez mais em descrédito!.. vale tudo contra o homem, certo?!..
    Onde estão as notícias das feminazis, das que dizem mal do homem?! Porquê não são despedidas , não existem?! Pois atualmente quase todo o feminismo é feminazi, não pretende a igualdade, mas sim a superioridade!.. esterco misandrico!..
    Está na hora de os homens acordarem, e o estado sem homens simplesmente deixa de existir!.. pois são eles quem pagam tudo!…

  6. Como aqui já foi dito, a sala de aula não serve para difundir tudo que nos apetece apenas porque sim, eu quero. As mulheres merecem tanto respeito como os homens, disso não tenho dúvida.

  7. Estamos a criar uns copinhos de leite, que quando tiverem problemas não sei a quem vão recorrer. Se o homem tem deste tipo de comportamento, com o qual não concordo, deve ser visto no contexto em que o mesmo se deu. Eu por exemplo já assisti a atitudes de alunos nas praxes que sinceramente não vi nenhum bloquista reclamar, se eu fosse mulher e me acontecesse a mim garantidamente que não ficavam sem resposta. Tive um mestre com quem aprendi muito como homem e que os problemas se resolviam como homens. Estamos a criar meninos e meninas de armário. Não estamos a lidar com miúdos ou miúdas. Enfrentem o homem na sala ou em privado e resolvam o problema. O que se pretende saber é se durante 39 anos é formou Homens e mulheres com capacidade e conhecimento. Acredito que devemos estar a falar de seleção de ideologia de género.

  8. Foi esta mentalidade que formou juízes como Neto Moura (entre outros ) que todos repudiam, mas, nesta página aplaudem este Sr., como se o que dissesse não tivesse qualquer relevo… “ao fim de 39 anos ” menciona , claro, é que antes as pessoas tinham medo, quem já não foi marcado por um qualquer docente, apenas por dizer a sua opinião? É tudo muito bonito, mais bonito é, quando a maioria dos comentários são de homens, sinal de que se revêm, senão no todo, pelo menos em parte, eu também concordo com algumas cisas que escreveu como o Carnaval, mas está mais que evidente que este senhor, está nos antípodas do que é o equilíbrio entre homens e mulheres …. A educação é o pilar de um povo, tem que começar em casa, continuar nas instituições e levar para a vida!… Utopia :/

    • Ó D. Albertina, tem muito que gritar porque este Prof teve o azar de dizer o que pensa sem pensar o que disse. É o problema do “filtro”, percebe? Hoje todos nós HOMENS (com letra grande), temos que usar os “filtros” e se nos distraímos estamos feitos, ou passamos a “bichas” para sermos desculpados ou levamos com um processo de “assédio” ou “violência” ou de despedimento porque a desqualificação da honra já foi…..

      • Se com filtrar o que dizemos quer dizer respeitar e tratar com dignidade as pessoas à nossa volta, não estou a ver porque não haveremos de o fazer

      • Marta, desculpe-me, mas “dignidade” parece-me mais um adjetivo desqualificativo do mérito. Distraiu-se? Não filtrou o seu raciocínio? Cuidado, pode ser acusada de arrogante, complexo de superioridade pelas pessoas à sua volta…. Dignidade está mais perto do “ter pena” e isso, penso ser o que ninguém quer. Porque não ficou só pelo RESPEITO? Pois é, com estes filtros todos, não se admirem de aumentar o consumo de antidepressivos, ansiolíticos e outros aditivos que “ajudam” a viver uma fantasia que não é a VIDA.

  9. Incrível , estamos em 2021 e ainda lemos e vemos comentários racistas,xenófobos e da idade da pedra!!! Voltem para as cavernas. Simplesmente ridículo o que o professor disse ! E mais ridículo ainda são machistas a comentarem o machismo do professor e concordarem com as atitudes do mesmo. Um professor de verdade ,tem a obrigação de ser mais culto justamente porque é professor e deve respeitar as pessoas. Foi pouco ser suspenso,deveria ser demitido. Quem leciona desse modo não merece respeito.
    Se quer respeito,primeiro deve respeitar! E qualquer direito dele , começa quando termina o direito de outra pessoa.

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