Professor de jazz acusado de assédio continua a dar aulas em duas instituições

Agenda Cultural de Lisboa

O pianista João Pedro Coelho foi alvo de 50 denúncias

O pianista e professor da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas João Pedro Coelho está a ser alvo de uma onda de acusações, mas continua a trabalhar na Associação de Jazz de Leiria (AJL) e na Orquestra Jazz de Leiria.

O caso de violação denunciado pela DJ Liliana Cunha contra o pianista João Pedro Coelho desencadeou uma onda de 85 denúncias de assédio e crimes sexuais, envolvendo 27 indivíduos, com destaque para o setor do jazz em Portugal.

Entre os acusados está um professor afastado da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas (Hot Clube) em 2021/22, após denúncias de assédio, mas que continua a lecionar na Universidade de Évora e a ocupar cargos em várias instituições ligadas ao jazz.

O Hot Clube anunciou a criação de uma comissão interna para investigar denúncias relacionadas com a sua comunidade. Em comunicado, afirmou que as conclusões do inquérito terão “todas as consequências necessárias”, garantindo colaboração com as autoridades e priorizando a segurança e bem-estar da comunidade escolar e profissional.

As denúncias incluem mensagens de assédio por parte de um antigo docente do Hot Clube, descrito como “sistemático e reincidente” por ex-alunas. Ângela Baltazar, ex-estudante da Metropolitana, relatou o envio constante de mensagens não solicitadas pelo professor, que utilizava argumentos de amizade para justificar os contactos. Casos semelhantes de assédio verbal foram reportados por outras alunas, algumas descrevendo abordagens “mais descaradas” e constrangedoras.

O professor acusado ocupa atualmente cargos de destaque em instituições musicais como a Associação de Jazz de Leiria (AJL) e a Orquestra Jazz de Leiria, além de manter protocolos com entidades públicas e culturais. Contudo, a associação enfrenta críticas pela ausência de uma posição oficial sobre as denúncias. Paulo Santo, músico da Orquestra Jazz de Leiria, demitiu-se de todas as funções ligadas à AJL em protesto, avança o Público.

As denúncias, recolhidas num canal informal criado por Maia Balduz e Liliana Cunha, abrangem diversas áreas artísticas e incluem casos de assédio moral e sexual no ensino artístico. O Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos confirmou receber “muitas queixas”, principalmente de assédio moral.

A situação tem fomentado discussões sobre a cultura de silêncio no meio musical e a necessidade de responsabilização. O Hot Clube revelou que dois professores foram afastados em 2021/22 após investigações internas por assédio verbal. Entretanto, a Universidade de Évora afirmou desconhecer as circunstâncias da saída do professor acusado do Hot Clube e não registou queixas contra ele.

ZAP //

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