Os vikings eram os verdadeiros produtores de alcatrão. Com os seus majestosos navios, cobertos de alcatrão, viajaram ao longo dos rios russos, conduzindo o comércio a regiões do Império Romano. Os seus métodos de produção eram um mistério, que acaba de chegar ao fim.
Os vikings adquiriram a capacidade de produzir alcatrão em escala industrial no século 8 d.C.. O alcatrão era aplicado nas tábuas e velas dos navios, usados pelos vikings no comércio. O mais recente estudo, publicado na Antiquity, sugere que, sem a capacidade de produzir grandes quantidades de alcatrão, a Era Viking nunca teria acontecido.
Embora o alcatrão pareça uma invenção moderna, não o é. Na verdade, os vikings usavam e abusavam do alcatrão, embora os seus métodos de produção permaneçam um autêntico mistério para arqueólogos e historiadores. Este estudo recente propôs-se a responder a esta questão, revelando o método único de produção de alcatrão usado pelos vikings.
Andreas Hennius, do Departamento de Arqueologia e História Antiga da Universidade de Uppsala, na Suécia,e único autor do estudo, relata a descoberta de grandes poços produtores de alcatrão na província sueca de Uppland.
Nos últimos 15 anos, os arqueólogos descobriram um número surpreendente desses poços extra-grandes, datados entre 680 e 900 d.C.. Esta datação, através do carbono, coincide com a Era Viking, (aproximadamente de 750 a 1050 d.C.). O cientista adianta que os Vikings usaram o alcatrão para selar e proteger estruturas feitas de madeira, como navios, e para velas impermeáveis.
Os poços de alcatrão encontravam-se localizados a grandes distâncias das aldeias, muito provavelmente devido à existência de um ingrediente essencial na produção do carvão: as florestas cheias de madeira.
À semelhança dos poços de alcatrão da Europa Moderna Antiga, os poços Viking apresentavam a forma de funil, mas em vez de usar um tubo de saída, os Vikings colocaram um recipiente, com cerca de um metro, no fundo do poço para recolher as pingas. Esta técnica exigia que os vikings cavassem o buraco para remover o recipiente e o seu conteúdo.
Os buracos que os vikings cavavam eram, segundo os arqueólogos, enormes, capazes de albergar 200 a 00 litros de alcatrão durante cada ciclo de produção. Esta descoberta mostra que os vikings, já no século VIII d.C., haviam adquirido a capacidade de produzir alcatrão em escala industrial.
Construir, operar e manter estes poços na floresta exigiu um trabalho considerável por parte do povo viking, afirma Hennius, acrescentando que tarefas como empilhar madeira, cortar árvores e maneho florestal foram, sem dúvida, essenciais.
Este nível de produção de alcatrão parece, à primeira vista, excessivo, mas é consistente com os desenvolvimentos na construção naval e expansão marítima da Era Viking..
“O alcatrão é muito útil para proteger a madeira da decomposição na construção de casas, mas especialmente no transporte”, disse o investigador. “O alcatrão foi usado em grandes quantidades até que os barcos fossem feitos de aço. Para os navios Vikings, o alcatrão não era usado apenas para a madeira nas tábuas, mas também para a calafetagem entre as tábuas e as velas.”
“Este estudo apresenta um recurso de produção de alcatrão que é desconhecido para a maioria das pessoas”, referiu Hennius ao Gizmodo. “Tanto as mudanças como o aumento da produção de alcatrão foram fundamentais para a cultura marítima Viking.”
É importante, todavia, ressalvar que este estudo é baseado em evidências limitadas a uma área geográfica na Suécia. Outras escavações e investigações fornecerão uma imagem mais clara da produção de alcatrão Viking.
ZAP // Gizmodo