Violação dos deveres de reserva, correção e lealdade. Mas Maria José Fernandes não retira nada do que escreveu.
Maria José Fernandes é procuradora-geral adjunta do Ministério Público (MP) mas criticou publicamente o Ministério Público.
Num artigo de opinião publicado há quase dois meses, a responsável nunca menciona a Operação Influencer – António Costa tinha apresentado a demissão poucos dias antes.
Mas, logo no título do artigo publicado no jornal Público, pergunta “como chegámos aqui?“, referindo decisões que “provocaram uma monumental crise política e cujas consequências vão ainda no adro”.
Questiona os métodos de trabalho e investigação do MP, sobretudo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), abordando “os desfechos de vários casos já julgados permitem extrair que há aspectos do trabalho dos procuradores de investigação a carecer revisão e aprimoramento pelo exercício da autocrítica”.
“Somos surpreendidos, de vez em quando, com buscas cuja utilidade e necessidade é nenhuma, pese embora quem as promove sempre se escude no argumento de opacidade”.
“Os procuradores que não hesitem em meios de recolha de prova intrusivos, humilhantes, necessários ou não, são o top da competência. Pelo contrário, quem se opõe à estridência processual é rotulado protector dos corruptos! Neste enquadramento, e sendo a nossa dimensão quase paroquial, poucos têm pulso para impor o que deve ser a sensatez, a escorreita interpretação jurídica dos factos, o respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos suspeitos, a investigação célere”, lê-se no artigo de opinião.
Agora, Maria José Fernandes é alvo de um processo disciplinar por parte do Conselho Superior da Magistratura.
Segundo a revista Visão, a procuradora é acusada de três infracções: violação dos deveres de reserva, correção e lealdade.
Mas a decisão de abertura deste inquérito interno não foi unânime entre membros da secção disciplinar da entidade: elementos não magistrados votaram contra, todos os magistrados do MP votaram a favor. Os elementos não magistrados são eleitos pela Assembleia da República e nomeados pela ministra da Justiça.
O processo foi uma ordem da líder, a Procuradora-geral da República, Lucília Gago. O instrutor do inquérito alega que Maria José Fernandes se “deixou inebriar pelas solicitações jornalísticas” e mostrou “ânsia de protagonismo”.
Em declarações à CNN Portugal, Maria José Fernandes assegurou que não retira “nada do que disse”.
“Respeito muito o Ministério Público e não escrevi nada contra ninguém. Só quero que o MP recupere o prestígio que sempre teve”, justificou.
Texto coerente e realista. O melhor sobre a “justiça” do M. P. e a operação “influencer”.
Obrigada e Parabéns pela coragem, Snra Procuradora Maria José Fernandes.
Já a P. Geral… Deus lhe valha, nos livre e guarde.
Quando o M.P passa a ser o “Mistério Publico” , tudo se compreende no que vai mal na dita Justiça cega só de um olho !