O principal negociador das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Iván Márquez, afirmou temer a “morte” do processo de paz, durante uma entrevista televisiva divulgada esta segunda-feira nos Estados Unidos.
“Do limbo pode passar ao inferno, e nós temos de salvar este processo de paz”, disse Luciano Marín, o seu verdadeiro nome, numa entrevista realizada em Cuba pela cadeia televisiva Univision.
“Há que ouvir toda a gente, mas num hiato de tempo não muito grande porque, caso contrário, este processo morre”, assinalou o líder da guerrilha.
A paz na Colômbia encontra-se no limbo desde o referendo do passado dia 2 que chumbou os acordos entre o Governo do Presidente Juan Manuel Santos e as FARC, com 50,21% dos votos pelo “não”.
“É o jogo da democracia. O ‘não’ ganhou ao ‘sim’ precariamente, mas é um triunfo de qualquer maneira. As FARC estão abertas a procurar soluções para este impasse”, garantiu Iván Márquez, durante a entrevista divulgada na segunda-feira.
O Governo e as FARC assinaram a 26 de setembro, em Cartagena, um acordo de paz, após quase quatro anos de conversações em Havana, Cuba, para terminar um conflito armado que se prolonga há 52 anos.
O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou na semana passada que o cessar-fogo do país com as FARC foi alargado até 31 de dezembro, mas disse esperar chegar a “um novo acordo” de paz antes dessa data.
A guerrilha disse apoiar o alargamento do cessar-fogo até 31 de dezembro, concordando igualmente na necessidade de alcançar um acordo de paz antes do fim do ano.
Juan Manuel Santos foi este mês distinguido com o prémio Nobel da Paz precisamente por causa do acordo de paz alcançado com as FARC.
Márquez assinalou que “renegociar o acordo é um assunto muito complexo” porque ter-se-ia de investir “mais anos” no processo.
O chefe negociador assegurou que as FARC recusam a guerra: “Vamos lutar com todas as nossas forças por uma solução política para o conflito. Prorrogar este estado de indefinição do acordo final vai-nos deixar mais mortos, mais vítimas. E nós queremos evitar isso a todo o custo”.
/Lusa