Os planos do presidente de Angola João Lourenço para a privatização de várias empresas chocam directamente com os interesses de investimento de Portugal, afectando nomeadamente a Caixa Geral de Depósitos, a Mota-Engil e a Galp.
O programa de privatizações (ProPriv) que João Lourenço lançou para Angola arranca já neste ano, devendo decorrer até 2022 e abrangendo 195 empresas. Um processo que pretende mudar a economia angolana, reduzindo o peso do Estado e promovendo o investimento privado, e que surge no âmbito da intervenção do FMI (Fundo Monetário Internacional) no país.
Empresas com investimento português como o Banco Caixa Geral Angola (BCGA), detido em 51% pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), a Mota-Engil Angola, controlada em 80% pelo grupo de construção, e a Sonangalp, detida em 49% pela Galp, estão incluídas no ProPriv, conforme destaca o Público na edição desta terça-feira.
A Sonangalp resulta de uma parceria entre a portuguesa Galp e a angolana Sonangol para a distribuição de combustíveis em Angola. Os planos da Sonangol passam há muito por romper esta parceria e os novos planos de privatização visam a venda de cerca de 50 empresas do grupo. Todavia, a petrolífera angolana pretenderá manter as participações que detém na Galp e no BCP, segundo frisa o diário.
No caso do BCGA, fonte da CGD constata no Público que a entidade está “a acompanhar o assunto” e que “mantém um diálogo contínuo com os restantes accionistas do banco e com as autoridades”.
A CGD passou a controlar o BCGA em 2015, após ter adquirido a posição ao Banco Santander por 173,7 milhões de euros. Em 2018, o banco angolano contribuiu com 15,4 milhões para os resultados da CGD, conforme destaca o Público.
A Mota-Engil e a Galp não comentam os planos de privatização de João Lourenço.