Prioridades trocadas – mas por parte de quem? 40% dos alunos não acaba o mestrado

Apenas 60% dos alunos que entram em mestrado, em Portugal, completa o ciclo. As prioridades parecem estar trocadas, mas não necessariamente por parte dos alunos. As instituições preocupam-se mais em assegurar receitas do que resultados académicos satisfatórios.

Em Portugal, 40% dos estudantes não conclui o mestrado.

Um estudo do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior, a que o Jornal de Notícias teve acesso, considerou que um principais responsáveis por este número é a preocupação desmedida das instituições em gerar receitas.

As dificuldades de financiamento, considera o presidente da comissão de avaliação, Alberto Amaral, são o que torna as verbas resultantes das propinas dos mestrados – que não são reguladas – “um tesouro apetecível”.

Devido a isso, explica, “muitas instituições, quer a aceitar um número excessivo de estudantes, quer a não serem rigorosas na exigência das competências dos candidatos”.

No ano passado, matricularam-se 80 mil alunos em mestrado e só 22 mil saíram diplomados. O que se espera deste segundo clico do ensino superior é que, em cada ano, concluam os estudos – pelo menos – metade dos alunos que entraram.

A investigação revelou que, entre 2013/14 e 2020/21, o número de diplomados foi cerca de 60% dos que entram.

“A baixa exigência de admissão em programas de mestrado, com alunos a entrarem sem as competências necessárias para progredir e concluir com sucesso; a acumulação do estudo com atividades profissionais; falta de recursos materiais e humanos para apoio adequado aos estudantes” são outras das falhas apontadas, que podem gerar tal cenário.

Além disso, como referiu Alberto Amaral, o número de docentes não acompanha o número de estudantes, “pelo que há casos em que cada docente pode ficar com um número excessivo de teses para orientar”, podendo negligenciar certos alunos.

Miguel Esteves, ZAP //

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