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Primeiro-ministro da Arménia demite-se após 11 dias de protestos

Hayk Baghdasaryan / EPA

Protestos na Arménia levaram à demissão do primeiro-ministro Serj Sargsyan

O primeiro-ministro arménio apresentou, esta segunda-feira, a demissão na sequência dos protestos que decorrem há 11 dias consecutivos nesta ex-república soviética do Cáucaso, declarou a agência noticiosa local Armenpress.

“Deixo o cargo de dirigente do país”, declarou Serj Sargsyan, segundo o seu serviço de imprensa, citado pela agência local Armenpress. O chefe da contestação e deputado “Nikol Pachinian tinha razão. E eu enganei-me”, acrescentou o ex-primeiro-ministro, que se fez recentemente designar neste cargo, após ter ocupado dez anos a Presidência da Arménia.

A decisão de Sargsyan ocorreu pouco depois da libertação do líder da contestação antigovernamental no país, detido no domingo durante uma manifestação na capital.

Rodeado de apoiantes que brandiam bandeiras arménias, Pachinian juntou-se a milhares de pessoas que desfilavam em protesto contra a recente nomeação do ex-Presidente para o cargo de primeiro-ministro. Os manifestantes acusavam Sargsyan de pretender manter-se de forma vitalícia no poder.

O ex-Presidente terminou o seu segundo mandato e conseguiu manter-se no poder ao ser eleito, na passada terça-feira, primeiro-ministro pelo Parlamento, depois de uma controversa revisão constitucional que retirou poderes ao chefe de Estado e reforçou as atribuições do Executivo.

A designação de Serj Sargsyan segue-se à tomada de posse, em 9 de abril, do novo Presidente arménio Armen Sargsyan, com o mesmo nome de família do seu antecessor, mas sem ligações de parentesco.

Armen, 64 anos, prestou juramento perante o Parlamento deste pequeno país do Cáucaso, depois de ter sido eleito pelos deputados para a chefia do Estado no início de março.

Entretanto, o Governo já anunciou a nomeação de um primeiro-ministro interino na sequência da resignação. Um comunicado indica ter sido solicitado o regresso do antigo primeiro-ministro Karen Karapetian, que renunciou às funções que mantinha desde 2016 quanto o antigo Presidente foi designado para o cargo.

Karapetian já ocupou o cargo de presidente da câmara de Erevan, a capital desta ex-república soviética do Cáucaso, e durante cinco anos foi um executivo da Gasprom, a poderosa companhia estatal de gás russa.

Serge Sarkissian, antigo oficial do Exército e considerado “pró-russo”, ocupava o cargo de Presidente desde 2008, após as funções de primeiro-ministro em 2007-2008. A sua primeira vitória Presidencial originou confrontos entre manifestantes e forças policiais que provocaram dez mortos. Em 2013 garantiu um segundo mandato.

Desde 13 de abril que decorriam protestos em Ierevan, para denunciar a intenção do antigo Presidente de permanecer no poder. Na segunda-feira passada, dezenas de pessoas ficaram feridas durante novos confrontos entre a polícia e manifestantes.

Os últimos grandes protestos na Arménia remontam a julho de 2016, quando opositores que exigiam a demissão do Governo fizeram diversos reféns numa esquadra policial em Ierevan. Os apoiantes desta ação envolveram-se na ocasião em violentos confrontos com as forças policiais.

ZAP // Lusa

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