Audição do ministro da Saúde avançou, mesmo com o anúncio de António Costa uma hora antes. Os primeiros minutos foram diferentes.
Chegou a pensar-se que não iria acontecer, nos bastidores da Assembleia da República questionou-se se teria lógica, mas a audição aconteceu mesmo.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, conversou com os deputados nesta terça-feira. Foi ouvido no Parlamento, no âmbito da Comissão de Orçamento e Finanças.
Continuam os debates na especialidade à volta do Orçamento de Estado – uma proposta de Orçamento… que já não vai ser aplicada porque o primeiro-ministro demitiu-se.
Aliás, este foi o primeiro debate no Parlamento depois do anúncio de António Costa. A demissão foi anunciada perto das 14h30, o debate começou uma hora depois.
O próprio presidente da Comissão, Filipe Neto Brandão, admitiu que esta era uma audição que iria decorrer “em circunstâncias políticas sui generis“.
Manuel Pizarro foi o primeiro a falar, apresentando as propostas e assegurando que estava pronto para esclarecer as dúvidas que os deputados teriam sobre o Orçamento do Estado.
As primeiras perguntas vieram de Miguel Santos. O deputado do PSD reconheceu as “condições difíceis” para o ministro, comentou que esta “audição não é a mesma que estava prevista, é bastante diferente”. E atirou: “Ouvir a sua intervenção faz pouco sentido”.
Por isso: “Não vamos falar sobre o que o ministro vai fazer; é sobre o que o ministro não fez”, acrescentando e repetindo que há uma “degradação” na Saúde em Portugal, que tem registado “negociações intermináveis” com os médicos, sem resultados positivos. “E já não será consigo que vamos falar sobre o futuro”, reforço.
O ministro disse que ficou “confuso” com as propostas – ou falta de propostas – do PSD. Sobre as condições difíceis deste dia: “O Governo está habituado a lidar com condições difíceis, nunca tivemos condições fáceis”.
Havia uma atenção particular à volta dos primeiros minutos deste primeiro debate pós-demissão.
Depois falou Pedro Frazão, do Chega: “Assistimos hoje a uma demissão de um primeiro-ministro devido a uma decapitação judicial. Suspeito putativo de um caso de corrupção…”.
Aí o deputado do Chega foi interrompido pelo presidente da Comissão, que lembrou que a Justiça não disse que ia acusar António Costa. “Estou no uso da palavra, tenho liberdade para usar as palavras que quiser”, reagiu Pedro Frazão, que lamentou a “inutilidade” deste debate com Manuel Pizarro.
A deputada Joana Carneiro, da Iniciativa Liberal, comentou que o Governo não está demitido – porque nada está publicado em Diário da República – mas nesta tarde os deputados e o ministro estiveram “a falar de uma proposta de lei que já não vai ser aplicada desta forma”.