Anna Marzec / Universidade de Zurique
Sidony, a vítima
Uma orangotango fêmea foi atacada e morta por outra fêmea e um macho – o primeiro caso conhecido de assassinato entre fêmeas da espécie.
A primeira agressão letal entre fêmeas de orangotangos foi relatada num artigo publicado na Behavioral Ecology and Sociobiology.
Orangotangos fêmeas são normalmente solitárias e muito raramente se envolvem em disputas, sendo também pouco frequente que as fêmeas e machos desta espécie formem coligações.
Assim, trata-se de um caso bastante estranho. Kondor, uma fêmea jovem, e Ekko, o seu pretendente, bateram e ferraram uma fêmea mais velha chamada Sidony nas florestas pantanosas da Reserva Mawas, na Indonésia.
Sidony ficou com ferimentos graves que infectaram, morrendo duas semanas depois.
“Foi muito surpreendente”, afirmou a investigadora Anna Marzec, da Universidade de Zurique, na Suíça, que observou o comportamento. “Nunca tinha visto nada assim antes”.
Motivação desconhecida
Anna Marzec / Universidade de Zurique
Ekko e Kondor, os primeiros orangotangos assassinos da própria espécie
Não está claro por que Kondor teve este comportamento agressivo. Orangotangos fêmeas não defendem o seu território e os investigadores não identificaram sinais de qualquer provocação.
“Pensamos que a presença do macho teve muito que ver com o facto de que ela teve a coragem de atacar e, em seguida, ser tão persistente”, sugeriu Marzec ao New Scientist.
Kondor, a fêmea atacante, tinha perdido recentemente um bebé.
Pouco antes do ataque estava em ritual de acasalamento com Ekko. Quando o par passou por Sidony, Ekko a inspecionou antes de voltar a Kondor para acasalarem. Kondor, então, abandonou Ekko para atacar Sidony, e Ekko juntou-se a ela.
Outro macho, Guapo, saiu em defesa de Sidony, conseguindo espantar Ekko. No entanto, Sidony já tinha sofrido lesões graves.
A área da reserva está a ficar com cada vez mais orangotangos, por causa da destruição do habitat ao redor.
De acordo com os cientistas, isto também pode ter desempenhado um papel no comportamento anormal dos animais.
“Queremos ver se vai acontecer com mais frequência agora”, afirmou Marzec.
