Primeira mulher vencedora: Temido histórica mas “engana-se” ao falar da história do PS

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José Sena Goulão / Lusa

Marta Temido a discursar após a vitória do PS nas europeias

Marta Temido foi a primeira mulher a vencer eleições nacionais em Portugal. Mas o PS não é o melhor exemplo de promoção feminina.

Foi preciso esperar 48 anos: pela primeira vez, uma mulher liderou a lista vencedora de eleições nacionais em Portugal.

Já aconteceu em inúmeras eleições autárquicas mas, a nível nacional (presidenciais, legislativas ou europeias) nunca tinha acontecido.

Desde 1976 até 2024, nesses quatro casos, foi sempre um homem a levar a melhor.

Até que, a 9 de Junho de 2024, Marta Temido, a número um da lista do PS para as eleições europeias, venceu.

Na noite da vitória, a cabeça-de-lista do PS disse que os portugueses “voltaram a mostrar que confiam” nos socialistas e garantiu uma “Europa mais forte“.

Nessa primeira reacção, Marta Temido disse que este triunfo é também “uma vitória das mulheres. De todas as mulheres”, reforçou.

Também agradeceu às mulheres do partido “por nunca desistirem de afirmar a importância da igualdade”.

E acrescentou: “Esta vitória demonstra bem o papel do PS na luta pela defesa da igualdade, na luta pela defesa de todas as igualdades, entre todas e entre todos”.

Pedro Nuno Santos, pouco antes, tinha dado “os parabéns a todas as mulheres portuguesas”, salientando esta inédita vitória de uma mulher em Portugal.

Mas…

Tal como tínhamos destacado pouco antes das eleições legislativas de Março, neste artigo, o PS está longe de ser o melhor exemplo de promoção feminina. Mais concretamente na liderança política, como foi este caso.

Entre os partidos mais antigos, o PS e o PCP destacam-se num aspecto: nunca foram liderados por uma mulher e nunca tiveram sequer uma mulher candidata à liderança.

Ou seja, em praticamente meio século de existência, nunca houve “dedo” feminino a comandar o rumo dos socialistas. Nem estiveram perto disso, porque nunca houve uma candidata a secretária-geral.

Mário Soares, Vítor Constâncio, Jorge Sampaio, António Guterres, Eduardo Ferro Rodrigues, José Sócrates, António José Seguro e António Costa foram os líderes, antes de Pedro Nuno Santos.

Surge agora esta excepção, mas Marta Temido apareceu na frente da lista para as europeias porque foi designada por… um homem: Pedro Nuno Santos.

Até hoje, e desde o 25 de Abril, só houve seis mulheres líderes dos partidos – exceptuando os muito recentes IL e Chega – com pelo menos um deputado na Assembleia da República: Manuela Ferreira Leite (PSD), Catarina Martins (BE), Heloísa Apolónia (PEV), Assunção Cristas (CDS-PP), Inês de Sousa Real (PAN) e Mariana Mortágua (BE).

Ainda entre os maiores partidos, Maria José Nogueira Pinto candidatou-se à liderança do CDS-PP em 1998, poderia ter sido a primeira líder partidária, mas perdeu; Paulo Portas foi o vencedor.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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