Primeira-ministra francesa demite-se em plena crise. Vem aí revolução no Governo de Macron

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A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne.

É o início de uma reformulação vista como necessária para revigorar o ímpeto político do Governo de Macron, após derrotas na imigração e reformas impopulares nas pensões. Attal torna-se o primeiro-ministro francês mais jovem de sempre.

A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, renunciou ao cargo esta segunda-feira, após menos de dois anos na função e já tem sucessor.

A sua demissão, que foi aceite pelo Presidente francês, ocorre numa altura em que se espera que Emmanuel Macron remodele o Executivo antes das eleições europeias previstas para o final deste ano.

Perante fortes candidatos — o ministro das forças armadas de 37 anos, Sebastien Lecornu e o ex-ministro da agricultura, Julien Denormandie —Macron escolheu esta terça-feira o sucessor de Borne. O até agora ministro da Educação francês Gabriel Attal foi nomeado primeiro-ministro, tornando-se o mais jovem chefe de Governo da história e o primeiro abertamente homossexual da República Francesa.

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Ministro da Educação francês, Gabriel Attal

O jovem ministro da Educação, com 34 anos, era considerado o favorito para assumir a chefia do executivo francês. Até esta manhã ainda não se sabia ao certo quem seria nomeado como sucessor de Borne.

Em declaração, Macron disse que Borne demonstrou “coragem, empenho e determinação” durante o seu tempo no cargo e agradeceu pelo seu “trabalho ao serviço da nossa nação que foi exemplar todos os dias.”

No assinalar da sua saída do executivo, Borne apelou na carta de demissão que concordou com Macron que “era mais necessário do que nunca continuar com as reformas.”

Borne foi a segunda mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da França e a que mais tempo serviu, superando Édith Cresson, que ocupou o cargo sob François Mitterrand de 1991 a 1992.

Reformulação com eleições à vista

A reformulação do Governo francês tem sido muito comentada nas últimas semanas, lembra a BBC, com Macron a procurar impulsionar a sua “sorte” política antes da eleição de junho — e num ano em que a França estará no centro das atenções, ao sediar os Jogos Olímpicos.

Com três anos do seu mandato presidencial pela frente, comentadores políticos defendem que a reformulação é necessária para revigorar o ímpeto político do seu governo após uma série de protestos contra políticas controversas e derrotas legislativas.

O seu governo sofreu uma derrota significativa numa peça-chave da legislação sobre imigração em dezembro, que foi amplamente vista como um momento de crise.

A lei acabou por ser aprovada após concessões feitas a grupos de oposição de direita, mas o partido de Macron ainda deve enfrentar um grande desafio na sondagem europeia.

Borne também esteve sob fogo: enfrentou duras críticas por contornar o parlamento para impor reformas impopulares das pensões.

O partido de Macron perdeu a sua maioria parlamentar em 2022, o que significa que o novo primeiro-ministro enfrentará uma luta difícil para transformar as políticas do Presidente em lei.

A saída de Borne é vista como o início desta reformulação, com várias figuras-chave do Governo cotadas para a substituir.

ZAP //

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