Uma equipa de cientistas encontrou a primeira abelha ginandromórfica, cujo corpo é metade fêmea, metade macho. Este indivíduo é da espécie Megalopta amoenae, nativa da América Central e do Sul.
Investigadores liderados por Erin Krichilsky, entomóloga da Universidade Cornell, estavam a fazer um estudo sobre sobre ritmos circadianos nas M. amoenae e estavam a trabalhar com abelhas vivas da floresta da ilha Barro Colorado, no Panamá, no Smithsonian Tropical Research Institute.
Encontrar esta abelha foi um golpe de sorte, segundo conta o ScienceAlert. No lado esquerdo, a abelha era fisiologicamente masculina, com uma mandíbula pequena e delicada, uma antena longa e uma perna traseira fina e delicada com menos cerdas. Por outro lado, o lado direito tinha características femininas – uma antena mais curta, uma mandíbula pronunciada e dentada e uma perna traseira espessa e peluda.
A condição é conhecida: chama-se
ginandromorfismo. O fenómeno já foi encontrado em pelo menos 140 espécies de abelhas, além de borboletas, pássaros e crustáceos. É praticamente desconhecidos em mamíferos. Nas abelhas, geralmente só é visto depois de o inseto já ter morrido.
A abelha descoberta é primeiro indivíduo ginandromórfico conhecido da sua espécie.
“Este fenómeno pode oferecer informações sobre a evolução de características morfológicas especializadas, como a morfologia masculina de linhagens de abelhas parasitas, a morfologia modificada de castas sociais de insetos e novos métodos de reprodução”, escreveram os investigadores, no seu estudo publicado em fevereiro na revista científica Journal of Hymenoptera Research.
Como a equipa já estava a estudar ritmos circadianos, decidiram ver se e como os ritmos circadianos diferiam no seu indivíduo ginandromórfico. Os cientistas rastrearam as abelhas durante quatro dias e descobriram que tendem a acordar um pouco mais cedo do que as abelhas machos e fêmeas. No entanto, os seus períodos de atividade de maior intensidade assemelhavam-se mais ao comportamento feminino.
Há alguns aspetos do ginandromorfismo das abelhas que já começámos a entender. Um estudo de 2018 lançou alguma luz sobre como existe em abelhas: se o esperma de um segundo e até terceiro indivíduos entrar num óvulo já fertilizado – um embrião feminino -, pode dividir-se para produzir tecido masculino, resultando num ginandromorfo.