Já conseguimos prevenir ataques cardíacos em ratos. Os humanos são os próximos?

Uma equipa de investigadores israelitas desenvolveu um procedimento que previne ataques cardíacos. O único problema? É que, para já, ainda só o conseguiram fazer em ratos.

Os cientistas ativaram um mecanismo celular em corações de ratos saudáveis que os torna resistentes a futuros ataques cardíacos – mesmo quando ocorrem meses depois, explica o The Jerusalem Post. O procedimento realizado em ratos saudáveis melhorou a sua recuperação de lesões cardíacas posteriores.

Ainda assim, embora a salto de rato para humano seja grande, é um primeiro passo importante nesse sentido. Os ratos costumam ser utilizados como cobaias nos primeiros testes laboratoriais.

Os autores do estudo, contudo, alertam que até o procedimento ser aplicável em seres humanos faltam ainda alguns anos. Ainda assim, os resultados do estudo mudam profundamente a nossa compreensão das capacidades regenerativas do coração e, possivelmente, de outros órgãos.

“É uma prova de conceito”, diz o autor Eldad Tzahor. “Aponta para novos caminhos de investigação que examinam o tratamento do coração não apenas depois dos danos acontecerem, mas de uma posição preventiva que aumenta a capacidade de recuperação de uma lesão antes mesmo de ocorrer”.

O estudo foca-se ratos geneticamente modificados, cujos cardiomiócitos expressam em demasia um gene que desencadeia a divisão celular — um fenómeno que também afeta humanos.

Anteriormente, cientistas do laboratório de Tzahor tinham descoberto que o gene ERBB2 causa a divisão celular nos cardiomiócitos. Algo notável, visto que pouco depois do nascimento, essas células perdem a capacidade de se multiplicar.

Os ataques cardíacos matam um grande número de cardiomiócitos que o corpo não consegue regenerar. Depois de em estudos anteriores, a equipa de Tzahor não ter conseguido recuperar a função cardíaca dos ratos, desta vez experimentou uma abordagem diferente.

Neste estudo, publicado na revista Nature Cardiovascular Research, os cientistas procuraram entender o que acontece com os corações “rejuvenescidos” pelo ERBB2 e como, exatamente, é que eles voltam à função normal depois que o gene ser desligado.

“Foi surpreendente e curioso. Tínhamos assumido que tudo voltaria ao normal depois de o ERBB2 ser desligado nos cardiomiócitos. No entanto, aqui estávamos, a ver um padrão genético diferente – sobre-expressão em alguns genes e sub-expressão noutros – após a ativação do ERBB2. Por outras palavras, encontramos efeitos a longo prazo”.

Em vez de ligar o ERBB2 em ratos doentes para fazer os seus cardiomiócitos dividirem-se, os autores primeiro ligaram-no em ratos saudáveis por algumas semanas e depois desligaram-no novamente.

O resultado foi que ratos que foram feitos para sobre-expressar ERBB2 recuperaram, mas os outros não. “Os resultados deixaram-nos de queixo caído”, disse Tzahor ao jornal israelita. “Encontramos uma fonte da juventude cardíaca naqueles ratos, uma nova maneira de tornar o coração mais jovem e forte”.

ZAP //

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