Prestação da casa não sobe (muito) para quem pediu crédito há mais anos

Pedir crédito à habitação no início deste ano ou no início deste século faz muita diferença, nos dias que correm.

Tem-se falado e escrito muito sobre os aumentos das prestações das casas.

A guerra na Ucrânia acentuou a inflação, as taxas de juro aplicadas no crédito à habitação aumentaram.

O Banco Central Europeu anunciou a – já esperada – subida dos juros e, como consequência, a Euribor subiu.

A taxa euribor apresenta os tipos de taxas de juros aplicados a empréstimos, pelos bancos da zona euro. Consoante a indexação à Euribor que o crédito tem, alguns créditos sobem mais do que outros (alguns chegam a aumento de 400 euros). São taxas variáveis.

No entanto, há um “detalhe” que é preciso explicar: o sistema de amortização francês.

Em Portugal, tal como noutros países, a grande maioria dos créditos habitação de taxa variável envolve dois tipos de pagamento: na fase inicial do empréstimo, a maioria do dinheiro pago mensalmente serve para pagar juros ao banco – o restante fica para amortização do capital em dívida, ou seja, pouco se abate na dívida do valor realmente emprestado; anos depois, é o contrário (mais foco na dívida, menos nos juros).

Até que, na fase final do empréstimo, praticamente só se paga o capital, com os juros a ocuparem uma percentagem mínima na prestação da casa, esclarece o portal Idealista.

Ou seja, se pediu um crédito a um banco já em 2022, ou há poucos anos, verá a sua prestação aumentar muito porque os juros estão a atingir recordes – e está na fase em que paga sobretudo juros.

Se pediu um juro há 15 ou 20 anos (ou mais), a subida da prestação da casa poderá ficar-se por um terço (ou menos) da subida que os créditos recentes verificam – está na fase em que está a pagar o valor que realmente foi emprestado pelo banco, os juros ficaram praticamente para trás.

Em exemplos citados no Idealista, com crédito habitação de 150 mil euros, quem pediu empréstimo no ano passado – Euribor 12 meses – verá a prestação subir quase 120 euros por mês, enquanto quem pediu empréstimo em 2005 vai ter uma subida de 44 euros por mês.

Estas diferenças significativas decorrem independentemente do montante pedido e do tipo de indexação.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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