Presidente do Líbano pede ajuda na ONU para a reconstrução pós-explosão

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O Presidente do Líbano, Michel Aoun

O Presidente do Líbano, Michel Aoun, pediu na quarta-feira à comunidade internacional apoio para a reconstrução do principal porto do país e dos bairros de Beirute destruídos pela catastrófica explosão ocorrida em agosto.

Na sua intervenção pré-gravada por ocasião da 75.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que decorre de forma virtual, Aoun dirigiu-se aos líderes mundiais para referir que o Líbano enfrenta múltiplas crises que colocam uma ameaça sem precedentes à própria existência do pequeno país do Médio Oriente.

O Presidente disse que a necessidade mais urgente do país reside no apoio da comunidade internacional para a reconstrução da sua economia e do seu porto, noticiou a agência Lusa.

A explosão de 04 de agosto, provocada pela deflagração de cerca de 3.000 toneladas de nitrato de amónio armazenados no porto da capital, provocou mais de 190 mortos, 6.500 feridos e 300 mil desalojados. As investigações sobre as causas do desastre prosseguem, sem que ninguém tenha sido responsabilizado até ao momento.

No seu discurso, Aoun disse que o Líbano solicitou assistência a alguns países, em particular para analisar amostras do solo e imagens de satélite, mas ainda aguarda pelos seus resultados.

França pede novo governo no Líbano

Ainda segundo a Lusa, a França pediu na quarta-feira à comunidade internacional “pressões fortes e convergentes” para assegurar a formação de um governo no Líbano e fazer sair o país da prolongada crise.

“Até agora, as forças políticas ainda não conseguiram garantir um entendimento para formar governo”, deplorou o ministro das Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, durante uma reunião por videoconferência sobre o Líbano à margem da 75.ª Assembleia Geral da ONU.

“São assim necessárias pressões fortes e convergentes da nossa parte para forçar os responsáveis libaneses a cumprirem os seus compromissos”, sublinhou. “A França está empenhada, como muitos dos participantes hoje [quarta-feira] presentes. Estes esforços convergentes devem prosseguir o tempo que seja necessário”, acrescentou.

Ecole polytechnique / Flickr

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian

 

 

Esta reunião do Grupo Internacional de Apoio (GIA) ao Líbano reúne o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente do Banco Mundial, David Malpass, e representantes dos países e organizações do GIA (França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Estados Unidos, Rússia, China, União Europeia e Liga Árabe), e ainda o primeiro-ministro libanês demissionário Hassan Diab.

Os responsáveis políticos libaneses ainda não chegaram a acordo sobre a formação de um novo governo, apesar da promessa feita a 01 de setembro ao Presidente francês Emmanuel Macron sobre uma solução definitiva em 15 dias. O processo está bloqueado devido a divergências na atribuição de pastas ministeriais.

Atualmente, o principal obstáculo à formação de um governo provém do movimento xiita Hezbollah, com forte influência no país, e do seu aliado Amal, dirigido pelo presidente do parlamento Nabih Berri, que reivindica a pasta das Finanças, um pedido rejeitado em bloco pelos seus rivais políticos, incluindo o antigo primeiro-ministro sunita Saad Hariri.

Na terça-feira, e com o objetivo de ultrapassar o impasse, Hariri propôs que o primeiro-ministro designado, Mustapha Adib, escolha uma personalidade xiita independente.

A França saudou esta quarta-feira a “declaração corajosa” de Hariri. “Representa uma abertura à qual todos devem conceder importância para que um Governo de missão seja mantido em funções”, indicou a porta-voz da diplomacia francesa.

Na sua alocução, Jean-Yves Le Drian também apelou à responsabilidade do conjunto das forças políticas e advertiu: “Sem reformas não haverá ajuda internacional, mas caso sejam concretizadas não pouparemos os nossos esforços”.

O chefe da diplomacia gaulesa anunciou ainda que a próxima conferência internacional de apoio ao Líbano prometida por Macron para enfrentar as consequências da gigantesca explosão em agosto no porto de Beirute vai decorrer antes do final de outubro.

// Lusa

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