Presidente de empresa apoiada pelo Estado terá comprado Audi por 50 euros à própria empresa

O presidente do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), Pedro Matias, terá comprado um Audi A6 de 2017 por apenas 50 euros à própria empresa.

Dois meses depois, o empresário terá revendido esse mesmo veículo — por um valor que recusou revelar.

Numa ata a que a TVI teve acesso lê-se que “deliberado alienar a viatura AUDI 3.0 TD1 ao Dr. Pedro Matias pelo montante de 50,00 euros”. O carro em questão, com 156 mil quilómetros, pode atingir um valor entre 24 e 35 mil euros, sendo que novo em folha pode chegar aos 65 mil euros.

O automóvel estava em regime de leasing e, embora a empresa argumente que o vendeu por 17 mil euros, não é isso que consta na ata consultada pela TVI. A estação televisiva contactou a empresa, mas não obteve um comprovativo dos cerca de 17 mil euros pelos quais alegadamente foi vendido.

O responsável pelas finanças do ISQ, João Safara, não negou o prejuízo da empresa pela venda do carro. A assessora de empresa garantiu que a venda do carro foi feita pela venda do mercado, apresentando provas de uma vistoria da Audi.

O ISQ é uma entidade privada e independente, constituída em 1965, oferecendo serviços nas áreas de inspeção, formação e consultoria técnica.

Embora seja um organismo privado, tem utilidade pública, tendo até recebido 3,1 milhões de euros em subvenções estatais em 2021. Um ano antes, a empresa tinha recebido 2,9 milhões de euros. Um total de mais de 6 milhões de euros em dois anos.

“É missão do ISQ contribuir para a melhoria contínua da indústria e dos serviços portugueses, com a consequente projeção internacional, prestando ao Estado, autarquias e às empresas colaboração ao nível da transferência e desenvolvimento de tecnologia, inovação de produtos e processos, estruturação de processos de gestão e controlo da qualidade, higiene e segurança, controlo energético e ambiental e valorização sistemática dos recursos humanos”, lê-se no site da empresa.

Pedro Matias é antigo assessor do anterior governo de António Costa, além de arguido no infame caso das viagens ao Euro 2016, que a Galp pagou a governantes e autarcas — o chamado Galpgate.