O presidente da estação pública britânica BBC, Richard Sharp, demitiu-se esta sexta-feira após um relatório confirmar que antes de ser nomeado facilitou um empréstimo ao ex-primeiro-ministro Boris Johnson, em infração às normas relativas às nomeações públicas.
De acordo com o Público, a demissão surgiu após uma investigação independente ter concluído que Sharp violou as regras do processo de nomeações públicas quando apresentou ao Governo um empresário que viria a ser fiador de Johnson, numa altura em que era candidato à BBC.
Segundo o relatório final da investigação solicitada pelo Comissário das Nomeações Públicas e elaborado pelo advogado Adam Heppinstall, divulgado esta sexta-feira, Sharp “não revelou potenciais conflitos de interesses ao painel que entrevistou os candidatos” à presidência da BBC.
Sharp foi nomeado diretamente, por proposta de Johnson, relatou a agência Lusa. A candidatura do antigo banqueiro, conhecido financiador do Partido Conservador, mereceu o aval do ex-primeiro-ministro, do ministro da Cultura e da Comissão parlamentar de Digital, Cultura, Media e Desporto da Câmara dos Comuns.
Richard Sharp has resigned as chair of the BBC, following months of tension over the way he was appointed.
In his statement, Mr. Sharp said it was “right to prioritise BBC’s interests” and as a result, he would step down.
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— Sky News (@SkyNews) April 28, 2023
Este foi acusado de interceder num empréstimo de 800 mil libras (900 mil euros) ao ex-primeiro-ministro antes de ter sido designado presidente da BBC, em 16 de fevereiro de 2021. Quando assumiu o cargo, rejeitou haver fundamento para um processo de conflito de interesses.
“A opinião do Sr. Heppinstall é a de que, embora eu tenha violado o código das nomeações públicas, uma violação não invalida necessariamente uma nomeação”, referiu Sharp num comunicado divulgado antes da publicação do relatório.
“De facto, sempre disse que a violação [das regras] tinha sido inadvertida e não-material, algo que os factos que ele apresenta sustentam”.
“Não obstante, decidi que o mais correto é dar prioridade aos interesses da BBC. Sinto que este assunto pode muito bem ser uma distração do bom trabalho da corporação se eu me mantiver no cargo até ao fim do meu mandato”, justificou.
Sharp continuará no cargo até ao final de junho, quando será nomeado o seu sucessor.