Embora se acredite que os humanos pré-históricos viviam em harmonia com a natureza, um novo estudo mostra que a chegada do homem às Bahamas fez com que alguns pássaros se perdessem nas ilhas e outras espécies fossem completamente exterminadas.
Os investigadores analisaram mais de 7600 fósseis ao longo de uma década, e concluíram que a presença humana nas Bahamas há cerca de 1000 anos foi o principal fator da extinção e emigração das aves nos últimos milénios. Contudo, as inundações nos habitats – causadas pelas severas tempestades – e aumento do nível do mar também são fatores de peso neste problema.
Segundo o Phys, espécies como os papagaios coloridos, falcões, pombas, corujas e outros pássaros, foram encontrados há 900 anos, e estavam muito mais presentes na região do que propriamente os humanos.
Depois de o homem colonizar a região, as aves começaram a desaparecer, ou a dirigir-se para apenas uma ou duas ilhas das Bahamas.
Janet Franklin, professora de botânica na University Riverside, garante que a culpa deste desaparecimento só pode ser da presença humana. “Nenhuma outra mudança ambiental poderia explicar esta perda”, dia a cientista. Os resultados do estudo foram publicados esta semana no Proceedings of the National Academy of Sciences.
O estudo identificou perdas de espécies que viviam nas Bahamas desde o final da última era do gelo, 10 mil anos antes de surgir o processo de colonização na zona. Mais de dois terços das 90 espécies de pássaros identificadas nos fósseis, foram totalmente extintos ou habitam agora apenas fora das Bahamas.
As ilhas das Bahamas são verdadeiros “tesouros” de fósseis porque as cavernas de calcário atuam como armadilhas naturais, e são altamente eficazes na preservação de ossos. Por serem áreas de terra relativamente pequenas, sem montanhas ou áreas íngremes e remotas onde as plantas e os animais se podem retirar para evitar as pessoas, as ilhas também são lugares onde a mão humana pode ter grande impacto.
Os especialistas acreditam que o grande problema da altura é que as aves predadoras gigantes, provavelmente, competiam com as pessoas por comida – e muitas das vezes acabavam mortas. Para além disso, os humanos caçavam frequentemente pássaros que comem frutas, porque tendem a ser mais gordos e nutritivos. Estes fatores podem explicar a diminuição (ou até a extinção) de muitas espécies no local.
Uma outra questão analisada no estudo de Janet Franklin, e que explica o impacto da vida humana junto da natureza, foi a circulação de uma doença que resultou numa pandemia global. Este problema afetou sobretudo “as florestas tropicais”, e isso pode ter feito muitas mortes nos animais, referiu a professora.
Numa altura em que o mundo vive uma pandemia – também causada pelo consumo de animais selvagens – Franklin deixa o alerta das consequências que isso pode ter na natureza e na vida humana, e avisa que “proteger as florestas tropicais e regulamentar o comércio de animais selvagens ajuda a prevenir pandemias”.