Filipe Duarte Santos, relator do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas avisa que “é inevitável” que o preço da água suba.
A Comissão Europeia antecipa um verão ainda mais seco do que em anos anteriores. “Se durante a Primavera não houver precipitação, a situação torna-se ainda mais difícil”, avisa à Renascença Filipe Duarte Santos, relator do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.
A situação será particularmente má no Barlavento do Algarve e na Costa alentejana, onde algumas barragens estão abaixo de 20% da sua capacidade.
Filipe Duarte Santos realça que o futuro está nas chamadas “disponibilidades alternativas” de água, como águas residuais tratadas para a agricultura e estações de dessalinização. Neste aspeto, sublinha o especialista, Espanha está muito à frente de Portugal. Especificamente, no que a toca a legislação, “estamos um pouco atrasados em relação a outros países”, avisa.
“A água em Portugal não reflete o seu custo real”, alerta o relator do painel da ONU. “A forma como se vai calcular o preço da água daqui para a frente – sabendo que a tendência é de maior escassez de água – é uma questão de natureza social e política”.
Na opinião de Filipe Duarte Santos, “é inevitável” que a fatura da água suba num futuro próximo.
“Se nós queremos evitar que haja uma escassez de água, teremos de fazer este percurso que outros países já fizeram, e estão a fazer, devido a essas alterações climáticas que provocam menos precipitação não só em Portugal, mas em Espanha, em Itália, na Grécia, todo o Mediterrâneo e noutras regiões do mundo”, acrescenta, em declarações à Renascença.
O Norte é a região do país que mais paga pela água e onde o preço mais aumentou entre 2018 e 2021, avança o Jornal de Notícias.
Com um consumo de 120 metros cúbicos de água, uma família nortenha paga, em média, por ano, 127,05 euros — mais 22 euros do que uma família do Algarve e mais 57 euros do que uma família da Madeira.