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Prazo para ultimar o adeus a Netanyahu termina às 23h59. Mas ainda há muitos obstáculos

Hazem Bader / EPA

O relógio não pára em Israel. Esta quarta-feira, às 23h59 (hora local, menos duas em Portugal continental), termina o prazo para o centrista Yair Lapid apresentar um Governo ao Presidente e afastar Benjamin Netanyahu do poder.

Depois de, no domingo, Naftali Bennett, líder do Yamina, ter dito que estava disponível para formar um “Governo de união nacional”, Yair Lapid, líder do Yesh Atid, disse que há ainda muitos obstáculos para a formação de uma “coligação de mudança”.

Mas o relógio não pára e o prazo termina às 23h59 (hora local, menos duas em Portugal continental).

O Diário de Notícias explica que, para ter maioria no Parlamento (61 deputados) e conseguir formar Governo, não basta os votos dos partidos de Lapid (17 deputados) e de Bennett (elegeu sete, mas um deles não irá votar a favor).

É preciso toda a oposição anti-Netanyahu – incluindo a Lista Árabe Unida (Ra”am), de Mansour Abbas, que elegeu quatro deputados.

Até este domingo, Lapid contava com 51 apoios, incluindo o resto do centro, representado na aliança Azul e Branca de Benny Gantz (8 deputados) e a esquerda do Labor (7 deputados) e do Meretz (6 deputados). À direita somava apoios de antigos aliados de Netanyahu, como o Yisrael Beitenu de Avigdor Lieberman (7 deputados) e o Nova Esperança de Gideon Sa”ar (6 deputados), que, a somar aos seis de Bennett, fará 57.

Os meios de comunicação israelitas avançam que os obstáculos se prendem com a distribuição de pastas ministeriais.

O Ra”am terá exigido um cargo de vice-ministro do Interior para apoiar a aliança, sendo que Ayelet Shaked, o deputado do Yamina que deverá ficar com esse ministério, é contra essa possibilidade.

Gantz não quer abdicar da pasta da Agricultura para Lieberman, além de não querer ficar só com um ministro no gabinete de segurança (o núcleo duro do executivo), quando os outros partidos têm dois.

Haverá também disputas entre o próprio Yesh Atid e o partido de Sa”ar, sobre o cargo de líder do Knesset e o de ministro para as Comunicações.

O acordo fechado no domingo implica que Bennett assuma a chefia do Governo na primeira metade do mandato e Lapid na segunda metade. Para o Ra”am, o partido árabe, isso poderá não ser possível, já que o Yamina defende a anexação de dois terços da Cisjordânia.

O apoio deste partido poderá também estar em causa depois do conflito entre Israel e o Hamas, que vitimou mortalmente 254 palestinianos e 12 israelitas.

No fundo, o desejo de afastar Benjamin Netanyahu do poder parece ser a única coisa que une os partidos.

A concretizar-se, esta coligação será uma estreia, já que nunca houve uma coligação tão alargada de Governo em Israel.

ZAP //

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