Tratamento à vista. Descoberta a possível causa da endometriose

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Está aberta a porta para um tratamento da endometriose. Cientistas descobriram o que pode causar a esta doença crónica, que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva.

Cientistas fizeram um avanço significativo na compreensão da endometriose, uma doença crónica dolorosa que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Estima-se que a incidência de endometriose em Portugal seja de cerca de 700 mil casos.

Um estudo recente realizado por investigadores da Universidade de Nagoya e do Hospital Toyota Kosei, no Japão, sugere que um tipo de bactéria, a Fusobacterium, pode ser um possível fator de risco para a endometriose.

Se mais investigação confirmar estas descobertas, poderá abrir caminho a potenciais opções de tratamento que tenham como objetivo a eliminação desta bactéria, escreve o IFLScience.

A endometriose, que afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, envolve o crescimento de tecido semelhante ao revestimento do útero noutras áreas do corpo, como os ovários e as trompas de Falópio.

A doença provoca vários sintomas como dores pélvicas, problemas de fertilidade, inchaço abdominal, náuseas, fadiga, entre outros.

A falta de uma cura conhecida e a compreensão limitada das causas da endometriose tornaram-na uma doença difícil de gerir. Agora, neste novo estudo, os investigadores descobriram que 64% das doentes com endometriose tinham Fusobacterium no revestimento uterino, em comparação com menos de 10% no grupo de controlo.

A Fusobacterium é um tipo de bactéria que se encontra habitualmente na boca, no trato gastrointestinal e no trato genital feminino. Embora faça parte do microbioma normal, este estudo revelou que as mulheres com endometriose tendem a ter uma maior presença desta bactéria nos seus órgãos genitais, em comparação com as que não têm a doença.

De particular interesse para os investigadores foi a espécie F. nucleatum. Embora tipicamente inofensiva, um crescimento excessivo desta bactéria tem sido associado a várias doenças, incluindo doenças das gengivas e gengivite.

Os autores do novo estudo descobriram que ratos infetados com a Fusobacterium apresentavam mais e piores lesões nos seus úteros, um sinal comum de endometriose.

Uma análise molecular mais aprofundada permitiu compreender por que razão a Fusobacterium está ligada à endometriose. Ao rastrear proteínas específicas, os investigadores encontraram provas de que a presença desta bactéria desencadeou uma resposta imunitária inata em torno das lesões da endometriose.

Quando os ratos infetados foram tratados com um antibiótico que combate a Fusobacterium, as lesões diminuíram. Embora o processo de investigação ainda esteja no início, estas descobertas sugerem que o combate a esta bactéria pode constituir uma via potencial para futuros tratamentos.

“A erradicação desta bactéria através de tratamento com antibióticos pode ser uma abordagem para tratar a endometriose em mulheres com infeção positiva por Fusobacteria, e essas mulheres podem ser facilmente identificadas através de uma zaragatoa vaginal ou do útero”, disse Yutaka Kondo, coautor do estudo, em comunicado.

Embora as opções de tratamento amplamente disponíveis ainda estejam muito longe, o Hospital Universitário de Nagoya anunciou ensaios clínicos em curso que envolvem o tratamento com antibióticos para pacientes humanas com endometriose.

O estudo foi recentemente publicado na revista Science Translational Medicine.

ZAP //

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