Portugueses trabalharam 162 dias do ano para pagar impostos

Mat Honan / Flickr

Um estudo que compara a carga fiscal que pesa sobre os trabalhadores dos 28 países da União Europeia coloca Portugal no meio da tabela e conclui que cada português paga 180 euros para ter direito a um salário real de 100 euros. Cada português trabalhou, neste ano, 162 dias só para pagar impostos.

São as conclusões do estudo anual que o Instituto Económico Molinari, uma entidade franco-belga, realiza comparando dados dos 28 países membros da União Europeia.

De acordo com a análise do Instituto, um empregador da União Europeia paga em média 187 euros para que o assalariado médio disponha de 100 euros de poder de compra real, isto é, depois de descontados cerca de 34 euros de cargas patronais, 18 euros de cargas sociais, 20 euros de impostos sobre o rendimento e retirando sete euros para despesas de primeira necessidade.

Portugal surge no 19.º lugar nesta tabela, entre a Estónia e a Lituânia, com o Instituto a constatar que cada português paga, em média, 180 euros por um salário real de 100 euros.

Numa lista a 28, Portugal surge no 16.º lugar na tabela dos salários brutos, com rendimentos médios da ordem dos 21 mil euros anuais, e sobe para o 15.º lugar na tabela alusiva às taxas fiscais e sociais pagas com valores da ordem dos nove mil euros.

No fim de contas, o poder real de compra dos portugueses, deduzida a carga fiscal e social, é inferior a 12 mil euros, caindo Portugal para o 17.º lugar de uma tabela liderada pelo Luxemburgo e pelo Reino Unido com poderes de compra da ordem dos 35 mil e 32 mil euros.

Portugueses trabalham cada vez mais tempo para pagar impostos

Este estudo permite ainda determinar aquilo que se chama o “dia de libertação fiscal e social“, ou seja, o momento em que o trabalhador pode começar a usar, como quiser, o seu poder de compra, já pagos os devidos impostos.

Esse dia para os portugueses chegou no passado dia 12 de Junho, o que quer dizer que tiveram que trabalhar 162 dias do ano para pagar impostos. Isto quer dizer que os portugueses têm vindo a trabalhar mais tempo para pagar ao Estado, já que esse dia, em 2014, chegou a 6 de Junho e, em 2013 a 4, enquanto em 2011 a “liberdade fiscal” aconteceu a 29 de Maio.

Os cipriotas são os cidadãos europeus que menos tempo têm que trabalhar para pagar impostos, conseguindo o Dia da Libertação Fiscal a 31 de Março, enquanto em Malta e na Irlanda se consegue o mesmo em Abril.

Os belgas são os que têm que trabalhar mais meses por essa libertação que só conseguem em Agosto. Para alemães, gregos, franceses, italianos, austríacos e húngaros chega em Julho.

Bélgica e França campeãs da fiscalização

Portugal tem uma taxa de pressão fiscal situada nos 44,4%, o que representa uma subida relativamente a 2014, conforme atesta o mesmo Instituto notando que “os campeões da fiscalização são a Bélgica e a França” com um fardo fiscal e social que chega aos 59,47% e aos 57,53%, respectivamente.

Seguem-se Áustria, Hungria, Grécia e Alemanha, com os autores do estudo a concluir que, nestes seis países, “mais de metade dos rendimentos ligados ao trabalho são retidos a título de impostos e de cargas”, o que significa que os trabalhadores não têm “domínio directo sobre mais de 50% dos frutos do seu trabalho”.

As empresas belgas pagam 246 euros para que um trabalhador tenha 100 euros reais, as francesas 235 euros e as austríacas 230 euros.

Do lado oposto estão Chipre (onde se paga 133 euros para ter um salário real de 100 euros), Malta (142 euros), Irlanda (147 euros) e Reino Unido (155 euros).

SV, ZAP

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