JEAN-FRANCOIS FREY/EPA

Agentes da polícia protegem o local de um ataque com faca na Place du Marche, em Mulhouse, no nordeste de França.
Emigrante português de 69 anos meteu-se entre os polícias e o atacante que carregava a faca. “A sua valentia, que lhe custou a vida, poderá ter salvo tantas outras”, disse Luís Montenegro. Cinco pessoas ficaram feridas.
Um homem matou com uma faca uma pessoa de nacionalidade portuguesa e feriu três polícias municipais, antes de ser detido na tarde deste sábado na cidade francesa de Mulhouse, à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o cidadão português, de 69 anos, morreu quando se colocou entre os polícias e o atacante que carregava a faca, perto da fronteira com a Alemanha.
“Um cidadão português de 69 anos que se encontrava no local ter-se-á interposto entre os polícias e o atacante, tendo sido esfaqueado e morto“, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que ficaram feridas outras cinco pessoas, incluindo os polícias, dois deles feridos graves.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, o português vivia em França desde 1992, e era natural de Ermesinde. Deixa a mulher e um filho.
Atacante estava referenciado por risco de terrorismo e foi expulso várias vezes de França
De acordo com a Procuradoria de Mulhouse, durante a investida, o indivíduo que atacou gritou “Allah Akbar” (em árabe, “Alá é grande”). Vários meios de comunicação, citando o procurador de Mulhouse, revelaram que o agressor tem 37 anos, é um estrangeiro referenciado por risco de terrorismo e já foi alvo de uma ordem de expulsão de França.
Na verdade, o argelino já era acusado de terrorismo e tinha sido expulso por várias vezes do país, com a Argélia a recusar os pedidos para o receber.
O suspeito, que segundo o ministro da Administração Interna de França tinha “problemas psiquiátricos” já foi detido e uma ordem de deportação do território francês já foi emitida.
“Todos os anos, os terroristas são libertados porque já cumpriram as suas penas. Chegou o momento de mudar as regras para proteger os franceses. É a minha função”, afirmou, antes de se deslocar ao local do ataque”, disse Bruno Retailleau.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou não haver dúvida de que o ataque com uma arma branca em Mulhouse, que provocou um morto, foi um “ato de terrorismo” e “islâmico”. Macron, que visitava a Feira Agrícola de Paris, expressou “a solidariedade da nação para com a família” da vítima mortal e enfatizou “a determinação do Governo” e de si próprio em “continuar com o trabalho que tem sido feito desde há oito anos para erradicar o terrorismo” do território.
O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa já condenou com veemência o “ataque de ódio” e lamentou a morte do cidadão português vítima do atentado, apresentando condolências à família e à comunidade portuguesa desta cidade francesa, em nota publicada na página oficial da Presidência da República.
“O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa condena veementemente aquele ataque de ódio e mantém-se em contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros no acompanhamento à família da vítima”, acrescenta-se na mensagem.
O primeiro-ministro Luís Montenegro enviou também a sua solidariedade ao povo francês pelo ataque e salientou a “valentia” do cidadão português que interveio e acabou por morrer, ato que poderá ter salvado outras vidas.
“Perante um ataque contra a comunidade que o acolheu, um português interveio e acabou por perder a vida, em França. A sua valentia, que lhe custou a vida, poderá ter salvo tantas outras”, escreveu Montenegro na sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter). Na mensagem, o chefe do Governo português deixou “sinceras condolências aos familiares e amigos — e toda a solidariedade ao povo francês”.
Perante um ataque contra a comunidade que o acolheu, um Português interveio e acabou por perder a vida, em França. A sua valentia, que lhe custou a vida, poderá ter salvo tantas outras. Deixo sinceras condolências aos familiares e amigos — e toda a solidariedade ao povo francês.
— Luís Montenegro (@LMontenegropm) February 22, 2025
ZAP // Lusa
“Atacante estava referenciado por risco de terrorismo”!!! Com a cumplicidade dos políticos e da justiça continuam a morrer cidadãos europeus. Até quando?