Lema em Portugal é “tudo pelo carro, nada contra o carro”

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Bicicleta não domina. Portugueses viciados no carro: “Qualquer deslocação, mesmo inferior a um quilómetro, é feita de popó”.

A bicicleta nunca desapareceu do planeta. Mas, ao longo dos últimos três anos, a maioria dos leitores deve ter-se cruzado com mais veículos de duas rodas – excluindo as motas.

A bicicleta foi redescoberta. Muitos portugueses (e não só) começaram a optar mais frequentemente pela bicicleta, sobretudo quando os preços dos combustíveis atingiram recordes no ano passado, já com a guerra a decorrer na Ucrânia.

A procura por cá subiu de forma indiscutível – e, ainda hoje, muita gente não voltou ao carro (embora muitos outros tenham regressado às quatro rodas).

“Uma bicicleta não é (só) romântica e saudável. É sobretudo uma boa solução”, lê-se no artigo sobre mobilidade, escrito por Hugo Guedes no jornal Contacto.

Mas o carro é que continua a mandar. No mercado e nas rotinas das pessoas.

Na China, por exemplo, que tem o maior mercado automóvel do planeta, é difícil encontrar uma bicicleta em Pequim ou Xangai.

Na Alemanha os carros também mandam. Basta pensarmos em todos os Volkswagen, Mercedes, Audi, BMW, Porsche… Mas aqui algo está a mudar: os mais jovens estão a ignorar todas estas marcas e preferem a qualidade de vida das duas rodas.

A bicicleta “representa independência, liberdade, e uma comunhão com o mundo em redor – em vez do isolamento da nossa caixinha de metal privada e com A/C”.

Prolongando essa perspectiva, se pensarmos bem, andar de bicicleta é sentir que pertencemos a uma comunidade, é respirar ar fresco, é sentir o sol e a chuva na cara, ouvir os sons e ver as imagens do que nos rodeia.

Hugo Guedes vê na bicicleta uma solução para os problemas ambientais das cidades, uma “arma para recuperarmos o nosso espaço humano e derrubar a ditadura do carro”.

Mas o carro, um “estorvo poluidor, ruidoso e perigoso” e que hoje representa “o individualismo, a alienação e uma obsessão pela velocidade”, continua a reunir as preferências da população europeia, sobretudo no sul da Europa.

Incluindo em Portugal, onde a bicicleta é vista como “algo para jovens, brinquedo para desporto ou lazer, e não como meio de transporte viável para todas as idades e condições sociais”.

Em geral, os portugueses “são tão viciados no automóvel que qualquer deslocação, mesmo inferior a um quilómetro, é feita de popó. A política de mobilidade naquele país tem um lema inconfessável: “tudo pelo carro, nada contra o carro”, continua o artigo.

Nas decisões europeias, em Bruxelas, os eurodeputados votaram recentemente a favor de uma ‘Estratégia da Bicicleta’: apoios à indústria de componentes, redução do IVA, mais pistas e mais lugares seguros de estacionamento, entre outras medidas.

A bicicleta vai estar ao nível do automóvel ou do metro? Uma alternativa real de transporte para o dia-a-dia?

Nos próximos tempos… Duvidamos.

ZAP //

3 Comments

  1. Os jovens “ignoram” essas marcas porque não têm dinheiro para as comprar! Como nem têm hipóteses, hoje, para comprar uma casa! O vemos, são lorpas a viver pior que as gerações anteriores a receber lavagens cerebrais para aceitar de bom grado viverem de esmolas e rotos! Já agora, acabaram com os navios de cruzeiro? Jactos privados? Mansões de meio quilómetro quadrado para viver lá uma ou no máximo duas pessoas? De construir em terrenos férteis para a agricultura? Deixar de construir em linhas de água? Etc etc. Não me parece é quem usa esses bens polui mais do que dezenas de pessoas comuns!

  2. É preciso pôr um termo aos crimes e impunidade praticados pelos condutores de velocípedes que circulam sem carta/licença de condução, não cumprem o Código da Estrada (CE), circulam fora da via de trânsito, sem matrícula, seguro, inspecção, espelhos, sinalização luminosa e sonora, colocando em risco a integridade física e a própria vida dos demais condutores de veículos e peões.
    As pistas para ciclistas têm ser abolidas, os condutores de velocípedes já possuem uma via para circular, a via de trânsito.

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