Portugal qualificou-se para a final da Eurovisão que se realiza neste sábado, 11 de Maio, em Malmö, na Suécia, com “Grito” de Iolanda, após uma semifinal marcada pela polémica por causa de mensagens políticas.
Na primeira semifinal da Eurovisão, que foi transmitida em directo em Portugal na RTP1, competiram 15 canções por apenas dez lugares na final.
“Grito” de Iolanda foi uma das canções apuradas, o que significa a quarta passagem consecutiva de Portugal à final da Eurovisão depois de Maro, Black Mamba e Mimicat também terem alcançado este objectivo.
O Luxemburgo foi outro dos destaques da noite, com um regresso à Eurovisão depois de ter deixado de participar em 1994. E foi um regresso em grande com a música “Fighter” de Tali a qualificar-se para a final.
https://www.youtube.com/watch?v=u6p4dujtvPI
Passaram ainda à final as canções de Sérvia, Eslovénia, Ucrânia, Lituânia, Finlândia, Chipre, Croácia e Irlanda.
De fora ficaram os temas de Polónia, Islândia, Moldávia, Azerbaijão e Austrália.
Grito de Iolanda foi “das melhores actuações do ano”
A actuação de Iolanda na semifinal foi muito aplaudida, quer dentro de Portugal, quer lá fora. Já se diz que pode ser o “dark horse” da final. Contudo, está longe de ser uma das favoritas à vitória.
O jornalista espanhol da Europa Press Luis Fuster frisa na rede social X, o antigo Twitter, que Portugal teve “uma das melhores actuações do ano”, classificando o desempenho de Iolanda como “emocionante e primorosamente executado” e notando que merece “um top 10 como uma catedral”.
Foi uma “performance de tirar o fôlego” e que deu “arrepios”, com “três minutos de emoções puras e cruas”, salienta-se ainda no X. “Maravilhosa e perfeita”; “arte pura”; “absolutamente deslumbrante” são outras expressões usadas para classificar a actuação portuguesa.
What a breathtaking performance from 🇵🇹 Portugal. 3 minutes of pure and raw emotions, I got shivers.#Eurovision #Eurovision2024 #ESC2024 pic.twitter.com/vzuKfMX4U9
— Kerem | 🇮🇪🇺🇦🇳🇴🇭🇷🇳🇱 (@Krm_H67) May 7, 2024
Irlanda obrigada a retirar mensagens pró-Palestina
Uma das canções mais surpreendentes da semifinal da Eurovisão realizada nesta terça-feira foi “Doomsday Blue” da Irlanda. A música tem sonoridades e uma encenação góticas que a tornam impressionante.
Mas, para lá disso, a artista Bambie Thug revelou que foi obrigada, pela organização da Eurovisão, a retirar as palavras “Freedom for Palestine” [Liberdade para a Palestina] e “Ceasefire” [Cessar fogo] das roupas que usou e do cenário.
“Infelizmente, tive que mudar essas mensagens hoje para coroar apenas a bruxa”, salientou a cantora numa referência à mensagem “crown the witch” que aparece escrita no ecrã do palco no fim da sua performance.
Bambie Thug on her “Ceasefire, freedom for Palestine“ writings on her body:
„“We have to change it due to the EBU order“#Eurovision #Eurovision2024 #ESC2024 pic.twitter.com/SzLaiZkvSm
— Kerem | 🇮🇪🇺🇦🇳🇴🇭🇷🇳🇱 (@Krm_H67) May 7, 2024
Mas há rumores que indicam que a artista irlandesa conseguiu, ainda assim, usar uma inscrição num antigo alfabeto gaélico que indicará “Cessar fogo”. Contudo, não conseguimos confirmar este dado.
Para lá da polémica, “Doomsday Blue” foi “uma das melhores actuações da Eurovisão dos últimos anos”, segundo o jornalista espanhol Luis Fuster. A canção pode mesmo tornar-se numa das favoritas à vitória no próximo sábado.
https://youtu.be/BNc5zTYkTaQ?t=6
Cantor sueco usou símbolo da resistência palestiniana
A semifinal desta terça-feira abriu com a actuação de participantes de anteriores edições do concurso: a cipriota Eleni Foureira, com “Fuego” (2018), o sueco Eric Saade, com “Popular” (2011), e a espanhola Chanel, com “SloMo” (2022).
Eric Saade que é de origem palestiniana, cantou com a mão esquerda envolta num ‘keffiyeh’, um lenço que é um símbolo da resistência da Palestina.
A actuação de Eric Saade não aparece nos canais oficiais da Eurovisão na Internet, nomeadamente no Instagram oficial.
O conflito israelo-palestiniano, que está a marcar esta edição do concurso, acabou, assim, por estar no palco da Eurovisão, apesar de a organização insistir que o concurso é “apolítico”.
Vários representantes políticos e artistas europeus apelaram à União Europeia de Radiodifusão que organiza a Eurovisão, para vetar a participação de Israel. Em 2022, foi tomada uma decisão semelhante com a expulsão da Rússia depois da invasão da Ucrânia.
No domingo, Iolanda apresentou-se na ‘passadeira turquesa’ (onde desfilam os representantes de todos os países, marcando o início dos espectáculos ao vivo) em Malmö, com um vestido de uma marca palestiniana e com as unhas pintadas com o padrão do ‘keffiyeh’.
Ucrânia enalteceu irmandade das mulheres numa guerra
E num festival de música que insiste em não se meter na política, houve ainda outra intervenção repleta de mensagens políticas.
A canção “Teresa & Maria” da dupla ucraniana Jerry Heil e Alyona Alyona reforça a irmandade das mulheres do seu país no meio de uma guerra. Uma música significativa e muito emotiva numa altura em a Ucrânia enfrenta uma guerra com a Rússia.
https://www.youtube.com/watch?v=-qjs54ZTRBQ
Este ano, participam 37 países no Festival da Eurovisão, mas à final só chegam 26. Além dos dez escolhidos nesta terça-feira, serão seleccionados mais dez na segunda semifinal que se vai realizar quinta-feira.
Os chamados ‘Big Five’ (França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Itália) e o país anfitrião, a Suécia, têm lugar garantido na final.
Susana Valente, ZAP // Lusa