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Portugal é El Dorado para a Bitcoin. Algarve vai acolher primeira criptoaldeia da Europa

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Aerismaud / Flickr

Praia da Ponta da Piedade

Um dos maiores embaixadores mundiais da bitcoin, Didi Taihuttu, está a criar a primeira criptoaldeia da Europa no Algarve. O holandês instalou-se por cá e diz que Portugal “tem os ingredientes perfeitos para ser o país da bitcoin”.

O “ambiente, a comida e as pessoas” levaram Didi Taihuttu a instalar-se em Lagos, no Algarve, mas, claro, também o regime fiscal favorável em termos de criptomoedas.

Esta é a explicação que aquele que é um dos maiores embaixadores mundiais de bitcoin dá em entrevista ao Jornal de Negócios.

“A bitcoin não é taxada em Portugal, portanto, é obviamente perfeito para nós”, assume Taihuttu que está a mudar para o nosso país a sua base de investimento.

“O nosso plano é fazermos de Portugal o lugar número um do mundo para quem quiser trabalhar com bitcoin. E se Portugal for inteligente, deixará isto acontecer”, sustenta o holandês.

Portugal “tem os ingredientes perfeitos para ser o país da bitcoin”, diz ainda Taihuttu ao Negócios. “El Salvador tem essa posição neste momento, mas o país não tem algumas qualidades que Portugal tem”, acrescenta.

O especialista em criptomoedas refere que conhece “muitos ‘players’ do mercado bitcoin que estão em Portugal por causa das políticas fiscais amigáveis“, mas também do “clima”.

Assim, Taihuttu desafia o Governo a “criar uma economia que aceite a bitcoin”, considerando que, seguindo esse caminho, “poderá ser um dos países mais ricos no futuro”.

“Mas se começarem a taxar a bitcoin, vão expulsar os ‘players’ da bitcoin e vão parar o seu crescimento financeiro”, nota num alerta às autoridades portuguesas, e na defesa dos seus próprios interesses financeiros.

“É simplesmente o paraíso”

Taihuttu está a criar uma criptoaldeia auto-sustentável no Algarve. Vai começar com 25 casas e a ideia é que as “pessoas com ‘mindset bitcoin’” possam aí viver e também “educar as crianças portuguesas, preparando-as para conhecimento em temas como ‘blockchain’ e cripto”, realça.

“Estamos a negociar vários terrenos, mas o problema é que em Portugal isto é muito burocrático”, lamenta, contudo, Taihuttu que vive no nosso país com a mulher e os três filhos depois de terem trocado tudo o que tinham por criptomoedas em 2017.

Também o belga Wout Deley se mudou para Portugal depois de ter vendido a sua casa para investir em criptomoedas quando trabalhava como gestor de vendas internacionais. Viajou por vários países europeus, mas decidiu instalar-se em Lagos, no Algarve.

“As criptomoedas na Bélgica são massivamente taxadas”, nota Deley em declarações à CNBC, realçando que o imposto chega aos 40%. “Queres duplicar os teus lucros? Muda-te para Portugal”, recomenda.

Sobre a vida no Algarve, Deley diz que “é simplesmente o paraíso” e que nem é preciso saber falar português, como é o seu caso.

Portugal tem “uma enorme fuga de cérebros”, com os “mais jovens a saírem”, nota ainda Deley. Por isso, há maior abertura “a pessoas com capital, nómadas digitais”, conclui.

Facilidade de instalação

Portugal é “um lugar realmente atractivo para os utilizadores de cripto viverem“, considera ainda na CNBC o líder de estratégia da empresa de software de impostos cripto CoinTracker.io, Shehan Chandrasekera.

“Os ganhos de capital resultantes de transações cripto, como pagamentos e transacções de cripto para cripto, não estão sujeitos a impostos aos rendimentos pessoais”, explica Chandrasekera sobre o regime fiscal português.

Em Portugal, as criptomoedas são vistas como uma forma de pagamento e, portanto, não são taxadas. Já as empresas que lidam com criptomoedas pagam impostos pelos serviços cobrados.

Por outro lado, em países como os EUA, as criptomoedas são taxadas como “propriedade”, à imagem do que acontece com as acções ou o imobiliário, como refere Chandrasekera.

Além disso, Portugal tem vários programas que visam atrair estrangeiros com poder financeiro, como os Vistos Golden e o Regime favorável para cidadãos não-residentes.

“Nem precisamos de estar lá e essa é a parte bonita disto. Não existe um requisito mínimo para ficar um dia em Portugal, por isso é uma instalação fácil“, refere, agora citado pela CNBC, Taihuttu.

Susana Valente, ZAP //

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14 Comments

    • Esqueça lá isso, um hacker para roubar bitcoin ou mandar a vodafone abaixo pode estar em qualquer lado planeta, China, Russia, Chile, etc. O eldorado do bitcoin vai ser bom para a nossa economia, de forma indireta o país fica a ganhar

    • e temos aqui a razão pelo qual Portugal não sai do torto, dão nos as oportunidades e normalmente quem menos entende do assunto é quem da cabo de tudo. “bitcoin vai chamar ainda mais hackers para Portugal” o tamanho da estupidez é tao grande que nem há palavras para descrever

      • A CMVM já veio emitir um comunicado em que considerava que os movimentos feitos com criptativos eram muito arriscados e com grande probabilidade de ocorrerem fraudes. és mais esperto que o pessoal da CMVM? Também vais dizer que eles são estúpidos? achas que o pessoal que se dedica a fraudes na internet não é um hacker?

  1. Não será isso também uma oportunidade para alguns “cérebros” não terem de emigrar e uma motivação para starups com maior probabilidade de sucesso no sector das TI ?

  2. E não serão as bitcoins todas elas um enorme esquema?! Afinal um dos mentores de uma bitcoin já foi condenado. E que eu saiba, cabe aos estados o papel de emissão de moeda. Esta condição está inclusivamente na fundação de muitos dos estados modernos. Por esta lógica de raciocínio erá que também poderei começar a cobrar impostos?!

  3. Se existem países que são o el dorado para offshores e pelos vistos vivem bem e todos tapam os olhos como se nada fosse, será talvez uma boa oportunidade para Portugal começar a fazer parte da equipa para sair do marasmo em que se encontra!

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