Portugal foi a 2.ª melhor selecção da Europa na “era” Fernando Santos

EPA/Ali Haider

Fernando Santos

A Fórmula 1 de outros tempos cedeu a sua classificação à contabilidade do ZAP. Desde que Fernando Santos chegou à selecção, só a França superou Portugal.

Fernando Santos deixou mesmo de ser o seleccionador nacional de futebol, como já se previa.

Após mais de oito anos no cargo, despede-se assim o treinador que, de longe, liderou a selecção portuguesa durante mais jogos (109).

Portugal foi campeão da Europa e venceu a Liga das Nações, durante a “era” Fernando Santos.

Mas este período também foi marcado por críticas constantes, de adeptos e comentadores, ao seu estilo de jogo conservador, mais defensivo – sobretudo nos últimos anos, quando Portugal tem do meio-campo para a frente Bruno Fernandes, Bernardo Silva, João Félix, Rafael Leão…

Há números que fundamentam essas críticas.

O 11 mais utilizado por Fernando Santos nestes oito anos foi composto por: Rui Patrício; Cancelo, Pepe, Fonte e Guerreiro; William, Danilo, Moutinho e Bernardo; Ronaldo e André Silva.

Repare-se que William, Danilo e Moutinho aparecem como médios mais utilizados pelo técnico.

Esta foi a contabilidade dos colegas do portal zerozero. A contabilidade do ZAP será outra.

Contar como na F1

Fomos tentar perceber em que patamar a selecção portuguesa ficou, desde Setembro de 2014 até Dezembro de 2022.

Ou seja, como é que Portugal se comportou no conjunto dos dois Europeus, dois Mundiais e duas Ligas das Nações que foram realizadas desde que Fernando Santos assumiu o cargo, comparando com todas as outras selecções da Europa.

Só fizemos a comparação com selecções europeias. Porque, por exemplo, a Copa América não funciona como um Europeu; e não há Liga das Nações noutros continentes.

O sistema de pontuação (discutível, claro) foi inspirado nos pontos dados nas corridas de Fórmula 1 ao longo de quase toda a década 1990 e ainda no início deste século.

Recordamos: 10 pontos para o vencedor da corrida, 6 para o segundo classificado, 4 para o terceiro e depois retirar sempre um ponto para os outros pilotos que pontuavam (até ao sexto lugar): 3 para o quarto, 2 para o quinto, 1 para o sexto.

Adaptamos: 10 pontos para o campeão do Europeu ou Mundial, 6 para o finalista derrotado, 4 se chegou às meias-finais, 3 para os quartos-de-final, 2 para os oitavos-de-final e 1 se ficou pela fase de grupos. E, claro, nenhum ponto para a selecção que não se qualificou.

A Liga das Nações (divisão A) teve uma alteração ligeira: 10 pontos para o campeão, 6 para o finalista derrotado e 4 se chegou às meias-finais; mas depois, 3 pontos para o segundo classificado na fase de grupos, 2 para o terceiro e 1 para o quarto classificado.

Portugal no segundo lugar

Portugal conseguiu um total de 30 pontos. Destacam-se obviamente os 10 pontos das conquistas, quer do Europeu 2016, quer da Liga das Nações 2019.

Acumulou ainda 2 pontos no Mundial 2018 e no Europeu 2020 (oitavos-de-final em ambos), 3 na Liga das Nações 2021 (segundo lugar no grupo) e também 3 no Mundial 2022 (quartos-de-final).

30 pontos, segundo lugar, que só ficam atrás de… Claro, a França. 37 pontos.

Campeã mundial e vencedora da Liga das Nações (10 pontos cada), ainda chegou à final do Europeu 2016 (6 pontos) e depois teve prestações mais modestas na primeira Liga das Nações (3 pontos) e no Europeu 2020 (2 pontos).

Como vai acumular, no mínimo, 6 pontos por ter chegado à final deste Mundial 2022, distancia-se de Portugal – e ainda pode chegar aos 41 pontos.

Esta também é uma comparação directa entre Fernando Santos e Didier Deschamps. Porque Deschamps é seleccionador francês desde 2012. Ou seja, acompanhou todo este período de Fernando Santos. E o francês vence o português.

A terceira classificada não venceu qualquer torneio: a Inglaterra, com 21 pontos. Bem longe de Portugal.

Mas… Se fizermos a comparação Santos-Southgate, há quase um empate. Gareth Southgate passou a ser seleccionador inglês depois do Europeu 2016. Por isso, tiramos os 10 pontos de Portugal e os 2 de Inglaterra nesse torneio; e ficamos com Portugal 20-19 Inglaterra.

A Itália só aparece no quarto lugar. É a campeã europeia (Euro 2020) mas não esteve em qualquer Mundial neste período. E essa falta de pontos ditou logo a diferença: 20 pontos no global.

A fechar o top-5, a Espanha, com um total de 19 pontos, nos quais se destacam os 6 pontos na Liga das Nações 2021 (finalista derrotada) e os 4 pontos no Europeu 2020 (meias-finais).

Não há comparações com seleccionadores italianos ou espanhóis porque houve vários, nos dois casos, durante estes oito anos.

Haveria uma selecção que poderia disputar um lugar no top-5: Países Baixos. Mas como nem se qualificaram para o Europeu 2016 e para o Mundial 2018, ficaram apenas na nona posição.

Destacamos ainda a Croácia e a Suíça. Estão fora das cinco melhores – sexta e oitava classificadas, respectivamente – mas foram regulares. Conseguiram sempre, no mínimo, 2 pontos em cada torneio. A Croácia teve mesmo sempre 2 pontos, exceptuando os históricos Mundiais (final em 2018, meia-final agora no Qatar).

Por fim, a Alemanha. O futebol deixou mesmo de ser 11 contra 11 e, no final, os alemães venciam. A Alemanha ficou apenas no 10.º lugar europeu, nestes últimos oito anos. Só 13 pontos. O melhor que conseguiram foram as meias-finais no Europeu 2016. A partir daí, só desilusões.

Portugal foi a segunda melhor selecção da Europa, desde o Europeu 2016. E pode surgir a pergunta: mérito de quem?

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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