Portugal conta com apenas 550 profissionais a fazer rastreios — um valor considerado insuficiente pelo matemático Carlos Antunes.
O vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, avisa que “a saúde pública está em sobrecarga há algumas semanas” e, a continuar assim, “não vamos ser capazes de responder perante este aumento de casos”.
“A realidade da saúde pública varia de sítio para sítio, mas com perto de 9.000 novos casos diários diria que é impossível a saúde pública nacional não ter casos em atraso”, disse o vice-presidente da ANMSP.
O mais recente relatório das linhas vermelhas sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal mostrou que há 550 profissionais a fazer rastreio de casos.
“Para uma média diária de 4.200 casos deveríamos ter 700 rastreadores. Esta semana estamos com uma média de 6.000 casos e precisaríamos de mil rastreadores”, especificou o matemático Carlos Antunes em declarações ao jornal Público.
“As minhas estimativas apontam para que no início da próxima semana tenhamos 12 mil casos. Iremos precisar de 2 mil rastreadores e fazer em média, por dia, 300 mil testes para manter a positividade abaixo dos 4%. Teremos como duplicar essa capacidade?”, perguntou o especialista.
Caso a capacidade não seja duplicada, “teremos um duplo descontrolo”: atraso dos rastreadores e perda de capacidade de testagem.
No terreno há 272 militares, divididos por 18 equipas, a apoiar nos inquéritos epidemiológicos e no agendamento da vacinação.
“As Forças Armadas têm disponíveis mais 388 militares em stand by para reforçar o apoio às ARS nestas tarefas, que podem ser ativadas imediatamente, em caso de necessidade”, garantiu o Estado-Maior-General das Forças Armadas.
Ao Público, a Direção-Geral da Saúde (DGS) explicou que uma nova medida permite a contratação de trabalhadores para reforço das equipas de vigilância epidemiológica, que realizam rastreio de contactos e inquéritos epidemiológicos. “Os procedimentos de contratação estão já em curso”, afirmou a DGS.