A Frente Atlântica, que junta as câmaras de Vila Nova de Gaia, Porto e Matosinhos, lançou hoje a campanha “Somos todos Ucrânia”, uma “resposta concertada e de grande escala” à crise de refugiados provocada pela guerra na Ucrânia.
Na cerimónia de apresentação da campanha, os presidentes das três autarquias, no distrito do Porto, condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia e salientaram que a iniciativa da Frente Atlântica, criada em 2013, representa os valores da “tolerância, democracia e cooperação”.
Na sua intervenção, a cônsul chefe da Ucrânia no Porto, Alina Ponomarenko, lembrou os “bombardeamentos brutais” a alvos civis e militares no seu país e apelou à comunidade internacional para que “feche o céu” sobre a Ucrânia.
“Num tempo em que individualismo prevalece, em que cada um tenta fazer por si o que devia fazer em cooperação, o que entendemos é que valeria a pena juntar esforços, articular medidas, reconhecendo que o que temos pela frente vai ser um tempo longo”, referiu, no discurso de apresentação da campanha “Somos todos Ucrânia”, o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor.
Para a autarca de Matosinhos Luísa Salgueiro, a iniciativa da Frente Atlântica “junta aquilo que cada um pode fazer de melhor” e é um exemplo de como é possível, através do exercício político, “fazer o bem a quem mais precisa”.
O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, referiu que a iniciativa é uma afirmação do “humanismo e da solidariedade”, de “repúdio à barbárie e à soberba”, que “celebra a civilização”.
O autarca portuense, que lembrou a História de Portugal e as guerras com Castela para depois salientar que hoje o país “vive em paz com a vizinha Espanha” após séculos “de costas voltadas”, disse acreditar que “o mal não vencerá e a Europa irá, mais uma vez, dar provas do seu avanço civilizacional perante outros Estados que nunca conseguiram sair do obscurantismo autocrático”.
Mas foi o discurso de Alina Ponomarenko o mais aplaudido, com a diplomata a lembrar os bombardeamentos de que várias cidades na Ucrânia estão a ser alvo.
“Vamos proteger a nossa terra […], o povo ucraniano está a morrer pela sua liberdade e a da Europa. Estamos a lutar pela civilização e apelamos à comunidade internacional para fechar o céu sobre a Ucrânia. Disso depende o futuro da Ucrânia e do mundo”, reforçou.
A cerimónia de hoje contou ainda com a assinatura de dois protocolos para apoiar refugiados, um com a Ordem dos Psicólogos – visando a “disponibilização das condições para a implementação de uma resposta de literacia em saúde psicológica e bem-estar no âmbito de processos de paz” – e outro com o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados para a prestação de serviços e aconselhamento jurídico.
A iniciativa “Somos Todos Ucrânia” está alicerçada em quatro níveis de atuação: a recolha de alimentos, que foram pedidos pelo Consulado da Ucrânia no Porto e que serão entregues na fronteira com a Polónia; a agregação de ofertas de alojamento e disponibilidade para acolhimento; a criação de uma bolsa de empregos; e a disponibilização de uma bolsa de serviços nas várias áreas para a ajudar à integração em Portugal.
Foi ainda criado o portal www.somostodosucrania.pt e uma linha de apoio (222 090 420).
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.