Paulo Portas quebrou o tabu e descartou ser o candidato da direita contra Fernando Medina em 2021. Quanto ao Presidente da República, realçou que Marcelo Rebelo de Sousa “está do lado certo das coisas”.
Paulo Portas não será o candidato da direita à Câmara Municipal de Lisboa nas eleições autárquicas de 2021. Em entrevista ao jornal Público, o antigo líder do CDS recusou o desafio: “Não! Lisboa, não”, disse, justificando a sua indisponibilidade com compromissos profissionais que “não se coadunam com ideias de candidaturas em 2021”.
Aliás, na entrevista que concedeu a Maria João Avillez, Portas referiu que voltar a ocupar cargos políticos não está, neste momento, no seu horizonte. “Mudei completamente de vida em 2016. Tenho muitos compromissos profissionais, que obviamente cumprirei; não se coadunam com ideias de candidaturas em 2021, que podem sensibilizar-me, mas não mudam a minha direção”, disse.
“Tudo na vida tem o seu tempo: fui candidato a Lisboa uma vez, porque o partido precisava absolutamente que o fosse, mas não sinto essa vocação autárquica 20 anos depois”, acrescentou.
Ao Expresso, em setembro, Miguel Poiares Maduro tinha lançado o nome do antigo vice-primeiro-ministro para a Câmara de Lisboa e, dias depois, Rui Rio disse que nada estava decidido, adiantando que Portas “é hoje um dos políticos de referência e dos portugueses mais bem preparados para o exercício de qualquer cargo público”.
Agora, Paulo Portas vem desfazer o tabu e descartar Lisboa dos seus planos.
Marcelo “está do lado certo das coisas”
O CDS ainda não expressou o seu apoio à eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República. No entanto, o antigo líder centrista decidiu, na entrevista ao Público, aconselhar o centro-direita a unir-se em torno desta candidatura, que “é a única que parte da união e que está interessada em unir o país”.
Pelo contrário, as candidaturas de Ana Gomes ou de André Ventura “partem da divisão para construir a sua força”, referiu Paulo Portas.
Apesar de elogiar Marcelo, Portas não deixa de salientar alguns “reparos legítimos” à sua atuação: é o caso da “nomeação do novo presidente do Tribunal de Contas, que foi tudo menos linear e que deixou uma perceção desconfortável de controlo político sobre quem tem o dever de controlar a legalidade financeira”.
Além disso, apontou a “hiperatividade“, que às vezes faz com que se confunda “a forma e o fundo: a abundância da forma não permite frequentemente perceber com nitidez a relevância do fundo”, e o anúncio da Champions como prémio para os profissionais de saúde, ainda que com um reparo: “Quem se lembrou de dizer essa coisa tão insólita de que a Champions era um prémio para o pessoal de saúde foi o primeiro-ministro.”
Apesar das falhas apontadas, Paulo Portas não tem dúvidas de que Marcelo Rebelo de Sousa “está do lado certo das coisas“.
Na entrevista, o ex-líder centrista destacou o papel que o Presidente teve na mediação da solução governativa que saiu das legislativas de 2019, salientando que Marcelo fez bem em não ter repetido a exigência de Cavaco Silva por acordo sólido e escrito, uma vez que se o tivesse feito isso teria provavelmente conduzido a uma solução política mais “radical” com os parceiros de esquerda “sentados no Conselho de Ministros”.
Já em relação à pandemia de covid-19, a decisão de decretar atempadamente “estado de emergência” no início também merece o destaque de Portas. “Quem quis o estado de emergência foi essencialmente o Presidente da República. O Governo estava convencido de que as regras da Proteção Civil eram suficientes, mas não eram”, justificou.
Os vetos estratégicos do PR em assuntos delicados como a TAP ou a Lei de Bases da Saúde também foram importantes para definir Marcelo como chefe de Estado, rematou.