1,5 graus: porque é importante que a Terra não aqueça mais

A Terra já está quase a ultrapassar um limiar acordado internacionalmente para o aquecimento climático, em relação aos níveis pré-industriais. Se isso acontecer, as consequências serão desastrosas para regiões de todo o mundo, avisa um estudo.

A análise publicada na revista científica “Nature Climate Change” suscitou preocupações sobre a capacidade da Terra de se manter dentro do limite crítico de aquecimento de 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais — um alvo chave do Acordo de Paris assinado em 2015.

De acordo com a pesquisa, se as emissões de carbono continuarem ao ritmo atual, o mundo poderia esgotar no início de 2029 o seu “orçamento” de carbono, que é a quantidade máxima de CO2 que pode ser emitida sem ultrapassar o aquecimento global de 1,5 graus Celsius.

Ou seja três anos antes das estimativas anteriores, indicando uma janela de ação cada vez menor.

Os resultados do estudo são um lembrete contundente da velocidade acelerada com que o planeta está a aproximar-se do limite acordado.

Este limite é considerado essencial para evitar os piores impactos das mudanças climáticas, pois ultrapassá-lo aumentaria significativamente o risco de eventos climáticos catastróficos.

A ABC News indica que os atuais modelos climáticos não conseguem prever quando ocorrerão danos irreversíveis, mas ultrapassar a marca de 1,5 graus poderia resultar numa cascata de efeitos prejudiciais, incluindo a perda de recifes de coral, o aumento do nível do mar, oceanos mais ácidos e impactos negativos na agricultura global.

Apesar deste cronograma urgente, especialistas defendem que o foco não deve ser apenas se vamos atingir a meta de 1,5 grau.

Cada fração de grau no aumento da temperatura tem impacto na gravidade dos impactos das mudanças climáticas aumenta.

Por isso, continuam, há uma necessidade contínua de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para impedir que as temperaturas subam ainda mais.

O estudo sugere que, se o limite de 1,5 grau for ultrapassado, o foco mudará então para se manter abaixo de um aumento de 2 graus, o que poderia ser esperado já na década 2040.

Com um aquecimento de 3 graus, muitas partes do mundo poderiam enfrentar condições inabitáveis.

Estes avisos são sublinhados por um número crescente de eventos climáticos extremos ligados às mudanças climáticas, incluindo secas prolongadas, furacões mais intensos, incêndios florestais generalizados e ciclos de água globais erráticos.

A subida dos níveis do mar continua a ameaçar as regiões costeiras, em grande parte devido ao derretimento acelerado do gelo polar.

Embora a situação pareça grave, os cientistas insistem que ainda há tempo para mitigar esses resultados através de reduções significativas nas emissões de gases de efeito estufa e uma transição rápida para energia limpa.

De acordo com as Nações Unidas, para manter a chance de não exceder 1,5 graus Celsius de aquecimento, as emissões precisam diminuir 45% até 2030 e atingir zero líquido até 2050.

Apesar de alguns países se comprometerem a reduzir as emissões para zero líquido até 2050, a resposta global permanece insuficientemente rápida para contrariar o ritmo do aquecimento global.

O progresso feito até agora, embora não na escala necessária, demonstra que a ação climática eficaz é possível, e os especialistas instam a que os esforços sejam intensificados para evitar atingir níveis perigosos de aquecimento global.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.