Normalmente, esquecemos ou confundimos com mais frequência nomes de pessoas do que nomes de objetos. Há uma explicação para isso.
Confundir nomes é um erro comum, sendo que até os mais ilustres cometem erros embaraçosos. Basta olhar para o recente caso do Presidente norte-americano Joe Biden, que apresentou o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky como o Presidente russo Vladimir Putin.
De acordo com Samantha Deffler, psicóloga cognitiva do York College of Pennsylvania, os nomes são particularmente difíceis de aprender e recordar pelo cérebro. A maioria das pessoas tem mais facilidade em lembrar-se de caras e de substantivos comuns, como “cão” ou “cadeira”, do que de nomes próprios.
Esta dificuldade com os nomes tem origem na forma como o nosso cérebro processa a informação, escreve o Wall Street Journal.
Uma experiência dos anos 80 sublinhou esta dificuldade. Foram mostrados aos participantes retratos de pessoas, juntamente com os seus nomes e profissões. Além disso, foram apresentados a alguns participantes nomes que eram também substantivos comuns, como “Sr. Cook” ou “Sr. Baker”.
Os resultados revelaram que as pessoas se lembravam melhor dos títulos das profissões do que dos nomes reais, um fenómeno conhecido como o “paradoxo do padeiro/padeira”. Isto sugere que os nossos cérebros são melhores a recordar conceitos que têm um significado ou contexto claro, em vez de nomes arbitrários.
Neil Mulligan, psicólogo cognitivo da Universidade da Carolina do Norte, explica que os nomes próprios são essencialmente “palavras sem sentido”, sem significado inerente, o que os torna mais difíceis de recordar. O nosso cérebro associa novas informações a dados existentes que partilham um significado ou contexto semelhante, mas os nomes não se enquadram normalmente neste padrão.
A memorização de um nome envolve várias etapas. Começa com uma pista de memória que desencadeia uma pesquisa na nossa memória. O nosso sistema avalia então várias respostas possíveis antes de se decidir pela resposta certa. Este processo é rápido, mas pode falhar, especialmente à medida que envelhecemos.
Mulligan observa que os adultos mais velhos têm frequentemente mais dificuldade em recordar nomes porque a sua capacidade de descartar respostas incorretas diminui com a idade.
A investigação de Samantha Deffler, que envolveu mais de 1.700 pessoas com idades entre os 17 e os 74 anos, mostrou que as pessoas confundem frequentemente os nomes das pessoas que conhecem bem. Esta tendência não tem a ver com nomes com sonoridades semelhantes, mas sim com a relação partilhada. Os pais podem chamar um filho pelo nome de outro, ou os amigos podem confundir os nomes dos seus amigos.