Pornografia: uma arma do Canadá na guerra contra Trump?

Canadianos querem bloquear acesso norte-americano ao Pornhub, o site de conteúdo para adultos mais visitado nos EUA, que contribuem com 40% do tráfego. Mas há quem veja mais e melhor para o Canadá.

Com o ambiente de cortar à faca com os Estados Unidos, o Canadá tem nas suas mãos uma poderosa arma para levar à guerra comercial com o vizinho de baixo: um site de pornografia.

“Campeão pornográfico” nos EUA — tem 3 milhões de visitas por mês — e presente no top 30 de sites mais visitados no país, o Pornhub, plataforma de conteúdos para adultos sediada em Montreal, poderia passar a ser proibido para cidadãos norte-americanos, sugeriu o comediante canadiano Matthew Puzhitsky, no Instagram.

A realidade é que o Pornhub já restringiu o acesso em 17 estados dos EUA devido a novas leis que exigem a verificação de identidade para visualizar conteúdo adulto.Desde que o vídeo do comediante — que já lhe valeu peças no The New York Post e no Daily Mail — foi publicado, já surgiu uma petição pública para bloquear o acesso norte-americano ao site pornográfico.

Se me tiram o Pornhub, saio dos EUA“, disse um nova-iorquino ao Post.

Claro que a ideia do comediante não passou de uma sátira, mas apesar de parecer descabido, poderia resultar, numa escala maior.

Com a imposição de tarifas recíprocas pelos Estados Unidos, a 2 de abril, as relações económicas entre as duas nações tornaram-se cada vez mais tensas. Em resposta, o Primeiro-Ministro do Ontário, Doug Ford, tinha inicialmente proposto uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para os EUA, antes de suspender a medida.

E se, em vez de impor tarifas de retaliação, o Canadá deixasse de aplicar as proteções de propriedade intelectual das empresas tecnológicas americanas?

É essa a sugestão do escritor canadiano de ficção científica e jornalista de tecnologia Cory Doctorow, no Canada Centre for Policy Alternatives. “O que impede o Canadá de aproveitar a sua política industrial para quebrar as margens de lucro elevadas dos monopolistas americanos?”, questionou há um mês.

De acordo com Doctorow, as empresas americanas exploram práticas monopolistas para cobrar taxas elevadas — a Amazon, a Apple e a Google, por exemplo, cobram uma comissão de 30% sobre as transações nas lojas de aplicações. Da mesma forma, empresas como a John Deere e a Tesla bloqueiam funcionalidades de software atrás de paywalls, obrigando os clientes a pagar continuamente pelo acesso.

O Canadá, defende o autor, poderia criar a sua própria loja de aplicações, com taxas de comissão mais baixas para criadores de software, permitindo que os proprietários de dispositivos em todo o mundo contornem as restritivas políticas tecnológicas norte-americanas.

Além disso, sugere o mesmo autor, o país poderia fabricar dispositivos e software que permitam aos utilizadores desbloquear tratores e carros americanos — dando aos agricultores e condutores a capacidade de desbloquear funcionalidades sem pagamentos recorrentes a empresas como a John Deere e Tesla.

“As lojas de aplicações canadianas poderiam oferecer comissões de cinco por cento sobre as vendas aos autores de software dos EUA e de todo o mundo e fornecer kits de desbloqueio que permitissem aos proprietários de dispositivos de todo o mundo instalar as lojas de aplicações canadianas, onde os autores de software não são roubados pelas grandes empresas americanas de tecnologia”, explica no artigo.

ZAP //

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