Pomadas de fezes ou batidos de cadáveres humanos. Seis bizarros tratamentos médicos antigos

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Desde fazer os pacientes sangrar de propósito ou usar enxofre para levar o útero para o sítio, há vários tratamentos estranhos que foram usados pelos médicos ao longo da História.

Os progressos na Medicina salvam cada vez mais vidas e permitem-nos viver mais tempo.

Mas noutros tempos, a realidade não foi bem assim e os tratamentos médicos mais populares certamente não teriam o selo de aprovação do Infarmed em 2023.

Um dos tratamentos mais inusitados era fazer os pacientes sangrar propositadamente. Os médicos acreditavam na teoria humoral, que defendia que os humanos eram compostos por quatro substâncias — bílis negra, bílis amarela, catarro e sangue, relata o Ancient Origins.

Se o equilíbrio entre estas substâncias fosse alterado, a pessoa ficaria doente. Para resolver isto, os níveis tinham de ser novamente equilibrados e doenças como febres eram frequentemente atribuídas ao problema de ter “demasiado sangue”. Assim, os médicos escolhiam uma veia visível e deixavam que o paciente sangrasse livremente para dentro de um recipiente.

Havia ainda clínicos que preferiam usar sanguessugas para este efeito. A prática foi usada durante mais de 3000 anos e só foi abandonada nos últimos dois séculos, sabendo-se agora que não tem nenhuma base científica.

Tratar a raiva com vitela crua

O Império Romano é famoso pela sua inovação, especialmente no ramo da Engenharia. A Medicina não é excepção, mas alguns dos conhecimentos dos médicos romanos são bastante questionáveis.

Por exemplo, uma prática comum na altura era usar pedaços de vitela crua para tratar pessoas que fossem mordidas por animais com raiva. Os médicos embrulhavam a zona que tinha sido mordida com vitela crua e alimentavam o doente com uma mistura de gordura de porco e lima.

Como se isto não fosse mau o suficiente, obrigavam o paciente a beber tudo isto com um medicamento especial feito com vinho e excrementos de texugo. Soa delicioso!

Beber um humano por dia, sabe o bem que lhe fazia?

Um dos tratamentos mais bizarros da Antiguidade era a crença dos clínicos de que beber batidos com partes humanas curava várias doenças. Quem tinha dores de cabeça ou de estômago era frequentemente receitado uma mistura líquida de sangue, ossos e até carne humana. Mas nem todos os humanos tinham o mesmo dom de cura — o sangue dos gladiadores mortos, por exemplo, era usado para tratar a epilepsia.

Furar o crânio para o cérebro “respirar”

Quem nunca ouviu dizer que apanhar ar faz bem à saúde? Os médicos medievais também acreditavam neste ditado — talvez em demasia.

Um dos seus hábitos mais bizarros era o entusiasmo pela trepanação. Inúmeras maleitas, desde meras dores de cabeça ou convulsões e passando por pessoas possuídas por espíritos ou com epilepsia, eram curadas com este método, que consiste em furar o crânio em vários locais para o cérebro poder “respirar” e “apanhar ar fresco”.

Rijksmuseum / Wikimedia

Trepanação

A abertura dos buracos era feita com rochas, ferramentas de madeira ou brocas. Há quem diga que a trepanação foi mesmo o primeiro procedimento médico da História, tendo nascido já no período Neolítico e sendo particularmente popular na América do Sul. A prática foi descoberta por um diplomata americano que encontrou um crânio trepanado no Peru por volta de 1860.

Enxofre para meter o útero “no sítio”

Na Grécia Antiga, acreditava-se que os úteros tinham uma consciência própria e que se moviam dentro do corpo. Se as mulheres não satisfizessem os seus úteros e recusassem ter filhos jovens, estes guardavam rancor e saíam do seu lugar na barriga, divagando pelo corpo. Isto, acreditavam os médicos, era a causa da infertilidade feminina.

Para combater isto, os clínicos acreditavam que tinham de espicaçar o útero até este voltar ao seu lugar, fazendo massagens abdominais e recorrendo a banhos quentes. Quando isto não resultava, a abordagem era mais drástica — e mais mal-cheirosa.

Os médicos fumigavam a cabeça da paciente com enxofre enquanto esfregavam perfumes nas suas coxas. Os especialistas acreditavam que o cheiro insuportável do enxofre faria o útero “fugir” e voltar para o seu lugar no abdómen, atraído pelos cheiro agradável das coxas.

Pomadas de fezes

Qual era a obsessão com usar fezes nos tratamentos médicos? Para além de serem usados para tratar a raiva, os excrementos tiveram muitas outras aplicações médicas ao longo da história.

Os Antigos Egípcios, por exemplo, usavam fezes humanas e de animais para criar pomadas para curar cortes ou feridas. Alguns especialistas também usavam cocó de cães, gazelas ou até de moscas para produzir pomadas para diversos problemas, incluindo até afastar maus espíritos.

Adriana Peixoto, ZAP //

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