Um estudo internacional publicado esta semana revelou que a exposição a longo prazo à poluição atmosférica pode aumentar o risco de morte por covid-19 em média 15% em todo o mundo. Além disso, o artigo estima que esse fator terá contribuído para 11% das mortes pelo novo coronavírus em Portugal.
De acordo com um estudo publicado esta terça-feira na revista Cardiovascular Research, a poluição atmosférica, que por si só já causa mortes prematuras, influencia a mortalidade pelo novo coronavírus.
Segundo estimativas do professor Jos Lelievel, do Instituto Max Planck de Química de Mainz, na Alemanha, e da sua equipa, essa proporção seria de 19% na Europa, 17% na América do Norte e 27% no leste da Ásia.
Além disso, o artigo mostrou que a exposição à poluição atmosférica a longo prazo terá contribuído para 11% das mortes por covid-19 em Portugal, 12% no Brasil, 29% na República Checa, 27% na China, 26% na Alemanha, 22% na Suíça, 21% na Bélgica, 19% na Holanda, 18% na França, 15% na Itália, 14% no Reino Unido, 9% na Espanha, 6% em Israel, 3% na Austrália e 1% na Nova Zelândia.
Tendo em conta que o risco de mortalidade por covid-19 é aumentado pela comorbidade de doenças cardiovasculares e pulmonares, os investigadores usaram dados epidemiológicos relativos à relação entre a poluição do ar e o novo coronavírus e combinaram dados de satélite sobre a exposição a partículas finas contaminantes.
De acordo com o artigo, as partículas contaminantes parecem aumentar a atividade do recetor ACE-2, localizado na superfície das células e envolvido na forma como o novo coronavírus infeta os pacientes. “A poluição do ar causa danos nos pulmões e aumenta a atividade do ACE-2, o que leva a uma absorção maior do vírus”, explicou Thomas Munzel, um dos responsáveis pelo estudo, citado pelo Diário de Notícias.
“Estimamos a fração da mortalidade da covid-19 que é atribuível à exposição a longo prazo à poluição do ar. Os nossos resultados sugerem que a poluição é um fator que aumenta o risco de mortalidade. Isso fornece motivação extra para combinar políticas para reduzir a poluição do ar com medidas para controlar a transmissão da covid-19″, dizia o estudo.
“A transição para uma economia verde, com fontes de energia limpas e renováveis, favorecerá tanto o meio ambiente quanto a saúde pública a nível local, melhorando a qualidade do ar, e a nível mundial, limitando as alterações climáticas”, afirmam os autores.
Anna Hansell, professora de epidemiologia ambiental na Universidade de Leicester, considera “extremamente provável” a existência de um vínculo entre a poluição do ar e a mortalidade por covid-19, mas considera “prematuro tentar quantificá-lo com precisão. Há muitos outros bons motivos para agir agora visando a redução da poluição do ar, que a OMS já associa a 7 milhões de mortes por ano em todo o mundo”.
Coronavírus / Covid-19
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