A organização não-governamental Survivor International, que defende os povos indígenas e outras minorias, nomeou o ex-deputado federal brasileiro Luis Carlos Heinze, do partido progressista, como o “Racista do ano”.
Heinze fez uma declaração contra indígenas, negros e homossexuais do país num discurso no dia 29 de novembro do ano passado, durante uma audiência sobre demarcação de terras indígenas, no Rio Grande do Sul.
“No mesmo governo, com o Gilberto de Carvalho, que é ministro de Dilma [Rousseff], é ali que estão alinhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta está alinhado, e eles têm a direção e o comando do governo”, afirmou Luis Carlos Heinze. O excerto do discurso foi divulgado em vídeo pela ONG.
A nomeação de “Racista do ano” é feita no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, celebrado a 21 de março.
Heinze é engenheiro agrónomo e ligado à bancada ruralista. Foi deputado federal por quatro mandatos seguidos, entre fevereiro de 1999 e janeiro deste ano.
A Survival International também citou declarações de outro deputado brasileiro, Alceu Moreira, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, que incitou os proprietários de terras a “não deixarem um vigarista desses dar um passo em sua propriedade”, referindo-se aos indígenas.
A Associação dos Povos Indígenas do Brasil escreveu uma carta ao Ministério da Justiça criticando as palavras de Heinze e o que chamou de uma “campanha de discriminação, racismo e extermínio dos povos indígenas”.
Em anos anteriores, a Survival International nomeou como “Racista do ano” o jornal peruano Correo, por chamar “selvagens e primitivos” aos indígenas, e o jornal paraguaio La Nación, que comparou os índios do país com um cancro.
/Lusa