Manuel de Almeida / Lusa

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes (E), cumprimenta o ministro das Finanças, Fernando Medina (D), acompanhados pelo primeiro-ministro, António Costa (C)
O economista Ricardo Cabral disse que o Estado está a poupar demais para ter contas equilibradas e não está a investir, impedindo o aumento da produtividade. “O país não pode estar parado, não pode estar há anos sem investir”, apontou.
Em entrevista à CNN Portugal, o especialista indicou que o país apresentou em 2022 um défice orçamental de apenas 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), muito abaixo dos 1,9% previstos inicialmente pelo Governo.
“O Estado deve ter políticas contracíclicas, que aproveitam para consolidar as contas públicas em períodos de expansão económica”, apontou o professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).
No entanto, de acordo com o economista, não é isso que está a acontecer. O Estado está “a aumentar muito mais a sua poupança do que o que resultaria em circunstâncias normais do bom andamento da economia”.
“O Estado não está a fazer investimento estruturante para aumentar o nosso ‘stock’ de capital e para aumentar a nossa produtividade. Estamos em vias de nos tornarmos um país de muito baixa produtividade durante décadas”, notou.
Esta política “é algo similar à política orçamental salazarista, do sentido de poupar, poupar, poupar, para ter contas equilibradas e não pensar no futuro e no investimento que é necessário fazer”, referiu. O país “não pode estar parado, não pode estar há anos sem investir”, continuou.
“As pessoas deveriam estar a viver significativamente melhor. Mas não é isso que se nota. Todo esse crescimento da atividade económica está a ser sugado pelo Estado”, acrescentou o especialista.
Para Ricardo Cabral, na origem deste diagnóstico está o facto de uma parte dos responsáveis políticos encararem “a política orçamental como se fosse a política de uma dona de casa, a equilibrar as contas”.
“É evidente que temos uma dívida pública elevada, sobretudo porque não houve crescimento”, indicou, lembrando que o país tem estado a viver do investimento e do ‘stock’ de capital que foi feito no passado.
“Haverá investimento que não é produtivo, mas há outro que é, e, portanto, é necessário estar continuamente a investir, a criar ‘stock’ de capital para que possamos manter e fazer a nossa produtividade crescer”, defendeu.
“No passado recente e mesmo ainda agora, temos muita capacidade financeira. Daqui a seis meses, daqui a um ano, não sei se as condições financeiras do país continuarão a ser favoráveis”, alertou, considerando que não aproveitar estas oportunidades “é um erro”.
Uma eventual pressão dos mercados sobre Portugal também não é justificação para Ricardo Cabral. “Se as taxas de juros subirem muito não seremos capazes de refinanciar a dívida pública e externa do país. Precisamos de refinanciar, em média, cerca de 35-40 mil milhões de euros de dívida pública de curto, médio e longo prazo por ano. Não são mais mil milhões ou dois mil milhões de défice que vão fazer a diferença”, defendeu.
Na sua opinião, “se o Banco Central Europeu (BCE) decidir não pôr um travão aos mercados, vamos ao tapete, mesmo com excedentes orçamentais”.
“Os excedentes orçamentais não têm nada que ver com as necessidades de refinanciamento do país. Excedentes de dois mil ou três mil milhões de euros, eventualmente, ajudam desde que não prejudiquem o setor privado, mas não são determinantes se temos de refinanciar 40 mil milhões de euros de dívida de curto e de médio e longo prazo em cada ano”, explicou.
Com “a ânsia de poupar adiam-se decisões”, notou, referindo que o país está com um problema gravíssimo no mercado de habitação e que esse problema só existe porque “durante anos, por causa da poupança, poupança, poupança” não se fez nada para o resolver.
“E isso tem consequências que prejudicam muito a competitividade da economia portuguesa”, apontou, interrogando-se sobre se haverá jovens famílias a ter várias crianças quando não conseguem um apartamento decente a um preço razoável. “Isto são tudo políticas muito míopes”, afirmou.
O economista acusou ainda o Governo de seguir um processo orçamental errado e enganador que acaba por prejudicar a economia.
António Costa queria ter um lugar na História. Pois bem, conseguiu.
Há muito… pelo maior desgoverno da história de Portugal. Esse lugar, até ao momento, é dele!
É mentira, se Portugal actualmente tivesse uma política orçamental «…algo similar…» à do Estado Novo, não haveria desemprego nem corrupção, e a pobreza e miséria não seriam generalizadas.
tanto mi mi mi… até parece que o Costa foi para lá sozinho.
Temos um Governo de vendedores da banha da cobra. Contudo, se o Povo acha que está bem, continuemos a dar-lhes o voto e não se queixem. Há dias, a diminuição ou o retirar do IVA dos bens alimentares não era possível, nem tinha os efeitos que muitos defendiam. Agora, já é possível e até é uma boa medida. É este o nível dos governantes que temos.