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“Escumalha”. Polícias do Capitólio ameaçados e ofendidos por apoiantes de Trump

Jim Lo Scalzo / EPA

Apoiantes de Donald Trump invadem o edifício do Capitólio, em Washington, EUA

Os quatro polícias norte-americanos que testemunharam na principal comissão de inquérito do Congresso dos EUA sobre a invasão do Capitólio, foram ridicularizados nos canais de televisão ligados à direita radical e dizem que receberam ameaças de apoiantes de Donald Trump.

Numa entrevista ao CNN, o agente Michael Fanone, da polícia de Washington D.C., divulgou uma mensagem de áudio que diz ter recebido no seu telemóvel na terça-feira, no momento em que respondia às perguntas da comissão especial da Câmara dos Representantes dos EUA.

Na gravação ouvem-se várias ofensas ao polícia, e o autor pergunta a Michael Fanone se está a tentar vencer um Emmy ou um Óscar, sugerindo que os testemunhos dos agentes não foram verdadeiros.

És um mentiroso de m… Então e a escumalha dos pretos que andaram a destruir, a queimar e a roubar as nossas cidades e a agredir polícias e a matar civis? Não dizes nada sobre isso, c…?”, ouve-se na gravação.

“Quem me dera que vos tivessem matado a todos no Capitólio, porque vocês são todos uma escumalha. Eles roubaram a eleição ao Trump e vocês sabem isso. É pena que não te tenham espancado ainda mais. És um maricas de m…”

Michael Fanone, de 40 anos, entrou para a polícia na sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e passou grande parte da carreira a investigar o tráfico de droga e a criminalidade violenta em Washington D.C.

Na terça-feira, na comissão de inquérito, contou que foi espancado e submetido a vários choques com uma arma durante a invasão do Capitólio.

Fanone contou ainda que ouviu os atacantes a dizerem que o iam matar com a sua própria arma. As agressões puseram-no inconsciente e, já no hospital, os médicos disseram-lhe que tinha sofrido um ataque cardíaco.

Embora sejam muitos os relatos de agressões violentas, os canais que sempre apoiaram o ex-Presidente dos EUA desvalorizaram as acusações dos agentes e retrataram-nos perante milhões de telespectadores como atores pagos para prejudicarem Donald Trump e o Partido Republicano, escreve o Público.

Para além de Michael Fanone, a comissão de inquérito ouviu também os agentes Daniel Hodges. Aquilino Gonell e Harry Dunn, um afro-americano que integra a polícia do Capitólio e que diz ter sido alvo de agressões e insultos racistas.

A comissão de inquérito que está a investigar a invasão do Capitólio foi criada por iniciativa da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

No dia 6 de Janeiro, milhares de apoiantes de Donald Trump marcharam até ao Capitólio depois de terem assistido a um discurso do então Presidente dos EUA junto à Casa Branca, onde lhes foi pedido que impedissem “o roubo” e que não desistissem de “lutar” contra a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.

ZAP //

 

 

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