Polícia de Hong Kong pode ter hackeado telemóveis apreendidos a manifestantes

Jerome Favre / EPA

Manifestantes receiam que a polícia de Hong tenha hackeado mais de 3700 telemóveis apreendidos durante os protestos, de acordo com os media locais.

De acordo com o jornal Independent, os telemóveis foram apreendidos durante os primeiros cinco meses de protestos contra o Governo, inicialmente motivados pelo anúncio da polémica lei da extradição.

Esta quarta-feira, no Conselho Legislativo de Hong Kong, o secretário de Segurança, John Lee Ka-chiu, afirmou que, desde junho a novembro de 2019, as autoridades apreenderam 3721 telemóveis.

Segundo o jornal britânico, os ativistas pró-democracia receiam agora que a polícia tenha ‘hackeado’ os dispositivos e usado o seu conteúdo como prova contra si.

É o caso de Joshua Wong, um dos rostos dos protestos dos últimos meses. A polícia apresentou provas que relacionam o conteúdo de mensagens enviadas do seu telefone, quando foi detido em agosto, em ligação com um protesto anterior.

https://twitter.com/joshuawongcf/status/1207575697633337345

“Detido no dia 30 de agosto, o meu telemóvel foi apreendido pela polícia de Hong Kong. O telefone só pode ser desbloqueado com passwords. Eu nunca forneci nenhuma delas à polícia, nem recebi nenhum aviso ou mandado de busca do meu dispositivo móvel”, escreveu na sua conta do Twitter.

O ativista acredita que as autoridades conseguiram aceder “com a ajuda de hackers patrocinados pelo Estado”. “É absolutamente alarmante que a polícia comece a hackear dispositivos móveis dos manifestantes, tal como a China invade iPhones e dispositivos Android para atacar Uigures“, acusa ainda.

Hong Kong enfrenta a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com ações e manifestações quase diárias. Depois de retirada a lei da extradição, graças a uma cedência do Governo, os protestantes têm mais quatro exigências: uma comissão de inquérito para investigar as acusações de brutalidade policial; libertação e amnistia para os manifestantes detidos; a garantia de que os protestos não são classificados como motins; e o sufrágio universal para o Conselho Legislativo e o Executivo.

ZAP //

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