Poiares Maduro teme “mexicanização” do regime

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Miguel Poiares Maduro, antigo ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional do Governo de Pedro Passos Passos Coelho, teme uma “mexicanização” do regime político em Portugal, em que não há uma verdadeira alternância no poder.

Em entrevista ao Público, esta sexta-feira publicada, o antigo governante, que integrou simbolicamente as listas do PSD ao Parlamento Europeu, em último lugar, fala ainda do líder do PSD, considerando que Rui Rio não tem sido muito eficaz “até ao momento” .

“O que mais temo é uma mexicanização do nosso regime, ou seja, que o PS se transforme numa espécie de pivot permanente, que está sempre no poder, alternando a forma como exerce esse poder com partidos na esquerda ou na direita. Assim, não há verdadeira alternância”, afirmou Poiares Maduro, que vive atualmente na cidade de Florença, em Itália, onde dá aulas.

Para Poiares Maduro, esta situação agravaria aquilo que “é um padrão do PS, que é o de ocupar o Estado e uma lógica de rendas nessa ocupação do Estado”.

“Ainda recentemente se manifestou em nomeações cruzadas [Familygate] numa lógica de proximidade claramente excessiva”, recordou, alertando que, se um partido com esta cultura se tornar dominante no cenário político português, teme “muito a evolução e os riscos para o regime democrático”.

Quanto a Rui Rio, Poiares Maduro considera que soube apresentar-se como líder da oposição, tendo “consumido demasiado o seu capital político” no esforço de procurar consensos de regime com o Governo liderado por António Costa.

Por isso, considerou, descurou “um bocadinho a importância de apresentar também uma alternativa política forte”. Ainda assim, reconhece que Rui Rio deu passos importantes ao escolher algumas caras novas para cabeças de lista às legislativas de outubro.

“Está a procurar fazer esse esforço agora, espero que venha ainda a ser bem-sucedido até às eleições, mas até este momento não conseguiu ser muito eficaz”. “Claro que só colocar jovens como cabeças de lista não chega. O outro desafio era o da diferenciação em termos de mensagem, porque o país necessita de duas alternativas políticas”, disse.

Questionado sobre se ainda há esperança para o PSD nas legislativas, Poiares Maduro contornou a questão, dando a Europa como exemplo.

“É importante para o país que haja esperança. Os últimos tempos têm-nos ensinado, por toda a Europa, a volatilidade da política. Em muito pouco tempo os resultados de eleições podem ser alterados e os votos transferidos. Existe também um grau de indecisão dos eleitores muito grande até muito próximo das eleições”.

ZAP //

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