O jacinto de água, a espécie invasora mais difundida do mundo, está a alastrar-se de tal modo que é visível do Espaço. No entanto, pode haver uma solução para a “situação grave”.
“Por vezes, a situação torna-se muito grave”, diz Simon Macharia.
O pescador refere-se a um problema que tem afetado o lago Naivasha, a noroeste de Nairobi, no Quénia. A erva daninha jacinto de água tem coberto todo o rio, de 150 km2 de extensão, matando peixes e encalhando pessoas.
É até possível ver o problema a partir do Espaço: é a espécie invasora mais difundida do mundo.
“Houve um incidente em que os pescadores ficaram presos pelo jacinto dentro do lago durante três dias. Tivemos de pedir ajuda ao governo, que usou um helicóptero para os salvar”, conta Macharia à CNN, que descreve o jacinto como uma “planta alienígena”, ou seja, invasora.
O problema também afeta a atividade piscatória: muitos dos dias, não se pode pescar, e quando o fazem os pescadores arriscam-se a ficar sem as redes, que podem ficar presas na erva.
Para além de entupir os sistemas hidroelétricos e de irrigação, esta planta tem custado à economia global dezenas de milhares de milhões de dólares e, atualmente, mais de 700 milhões de dólares por ano, de acordo com a Science Direct. É um problema não exclusivo ao Quénia, que afeta todo o continente africano.
Muitas são, portanto, as tentativas de reverter este mal, e há mesmo um estudo que ambiciona colher o jacinto de água e combiná-lo com resíduos municipais e estrume de vaca para produzir biocombustível.
Agora, há um novo projeto que começou a ganhar forma depois de os investigadores evolvidos nele terem passado 5 horas presos dentro de um barco encalhado no jacinto. A HyaPak Ecotech Limited, fundada por Joseph Nguthiru, quer então transformar a planta invasora num bioplástico.
O bioplástico de Nguthiru é biodegradável e feito através de jacinto de água seco combinado com aglutinantes e aditivos, que são depois misturados e moldados, explica a CNN.
Em 2017, o Quénia introduziu uma lei que proíbe os sacos de plástico de utilização única, que acabaram por ser vendidos em 2020. Agora, há quem acuse que existe uma rede de contrabando destes sacos no país.
O investigador acredita então que esta solução vai “matar dois coelhos de uma só cajadada”, já que “a maioria dos produtos de plástico de utilização única tendem a ter uma vida útil de cerca de 10 minutos depois de saírem das prateleiras dos supermercados. Então, porque não torná-los biodegradáveis?”
Agora, pescadores como Macharia estão a colher a planta invasora no Lago Naivasha, secando-a e vendendo-a à HyaPak.
Para além disso, a produção deste plástico é muito mais ecológica, poupando a biodiversidade em redor. “Compensa as emissões de carbono que vão ser produzidas, utiliza menos água, adiciona mais nutrientes… é uma situação vantajosa para as comunidades, para o planeta e para os agricultores”.
“Cabe à minha geração encontrar soluções para a crise climática, porque se não o fizermos, não o vamos fazer de todo”, conclui.