A PJ acredita que a faca, que estava numa bolsa fechada de Odair Moniz, terá sido plantada no chão. O auto de notícia também pode ter sido falsificado, já que o agente que disparou não o poderia ter feito à hora em que foi escrito.
Segundo avança a CNN Portugal, a Polícia Judiciária suspeita que a PSP falsificou o auto de notícia da morte de Odair Moniz — o homem que foi baleado fatalmente pela polícia na Cova da Moura e cuja morte originou uma onda de protestos e desacatos em Lisboa — e que não foi escrito pelo agente que disparou.
Um dos fatores que parece invalidar a possibilidade de ter sido o agente que matou Odair Moniz a fazer o documento é a hora em que foi escrito, já que o polícia em causa estava nesse momento a ser interrogado pela PJ e não estava na divisão da PSP na Amadora. O auto também ainda não tinha sido assinado pelo agente que supostamente o escreveu quando foi entregue à PJ.
Outro detalhe que a PJ está a investigar é a possibilidade de a faca com que Odair Moniz terá alegadamente ameaçado os agentes ter sido plantada. Odair Moniz trazia uma faca numa mala com fecho presa em torno da cintura, mas não há imagens que o mostrem a empunhar a arma branca, como foi descrito no comunicado da PSP.
A faca acabou por ser encontrada no chão e, de acordo com uma fonte judicial do Expresso, a PJ suspeita que terá sido plantada para justificar os tiros disparados pelo agente da PSP.
Quando foi interrogado pela PJ na noite do incidente, o agente que fez os disparos terá reconhecido que Odair Moniz, de facto, não chegou a empunhar a faca nem a tentar agredir os dois polícias com a arma branca.
A CNN refere que o inquérito está a decorrer na secção regional do DIAP de Lisboa, e não no DIAP da Amadora, devido às suspeitas de manipulação do auto. Caso estas suspeitas se confirmem, podem implicar outros membros da PSP na Amadora.
O agente, que é arguido pelo crime de homicídio simples, foi interrogado pela procuradora Patrícia Agostinho esta quarta-feira, mas ficou em silêncio. Quando foi inicialmente ouvido pela PJ logo após a morte de Odair Moniz, não tinha advogado e não havia um magistrado na sala, o que faz com que as suas declarações não possam ser usadas como prova em julgamento.