Pitikok, um barulhento galo francês, pode salvar-se da morte certa graças a uma lei caricata

1

Caso fez ressurgir situações semelhantes que levaram a disputadas violentas entre vizinhos e à morte dos animais contra a vontade dos seus donos.

Pitikok tinha tudo para ser apenas mais um galo — barulhento — a habitar no sul de França, mas o seu proprietário está a apostado a fazer dele um autêntico desafiador da lei. De facto, um vizinho farto do canto da ave levou o referido proprietário a tribunal, apesar de haver ainda hipóteses de esta ser ser poupada e a sua integridade não será colocada. É que ao abrigo de uma nova legislação, o “património sensorial” do campo, desde os ruidosos sinos da igreja até ao cheiro dos animais da quinta, estão protegidos.

Ao longo dos últimos três anos, o proprietário do galo na aldeia de Oursbelille enfrentou repetidas queixas e deverá comparecer em tribunal em junho. “Tudo começou em 2019. O proprietário da casa ao lado — que só vem duas vezes por ano de férias — veio exigir que eu me livrasse do meu galo“, explicou a proprietária, citada pelo The Guardian.

As tentativas de encontrar um compromisso falharam, apontou, “porque a única solução proposta por queixoso era que nos livrássemos do nosso animal. Isso está fora de questão”.

O caso recorda uma série de disputas recentes que colocam pessoas com pequenas explorações agrícolas contra outros residentes, muitas vezes recém-chegados ou veraneantes que procuram a tranquilidade rural. Numa outra batalha legal relacionada com aves que fez manchetes em todo o mundo, Maurice, o galo, e o seu dono saíram vitoriosos após uma discorda com os vizinhos, em setembro de 2019, com juízes a rejeitarem as alegações de perturbação da paz.

Há ainda casos em que as disputas se tornam violentas. Em agosto de 2020,  dezenas de milhares de pessoas assinaram uma petição com o objetivo de alcançarem justiça para Marcel, um galo baleado e morto por um vizinho em Vinzieux, no sul de França. Tais incidentes levaram os legisladores a promulgar a lei do património rural em janeiro de 2021.

“Mais uma vez estamos a lidar com recém-chegados que vêm para o campo e não conseguem suportar, ou mal conseguem suportar, estes sons naturais”, disse Stephane Jaffrain, o advogado da proprietária do Pitikok.

A queixosa, uma pensionista, afirma que se trata de um caso simples de perturbação excessiva por parte de um vizinho e pede 6 mil euros de indemnização num julgamento marcado para 7 de junho. “Está a causar sofrimento genuíno ao meu cliente”, disse a sua advogada, Anne Bacarat. “Está a lutar contra o cancro e tem problemas cardíacos”.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.