Moção de censura marcada pelas “farpas” do Chega e PSD atiradas ao Governo, a António Costa e aos ministros-fantasma. Primeiro-ministro não se dirigiu ao partido de André Ventura, de quem diz só ter trazido “mais gritaria ao país”.
O PSD acusou esta terça-feira o primeiro-ministro de “atroz incompetência na governação” e desafiou-o a aceitar o repto de Luís Montenegro para um pacto na redução do IRS para os jovens nos próximos anos.
“Quase dois anos de maioria absoluta e conseguiu o feito de ter um Governo ainda pior do que tinha com a ‘geringonça'”, criticou o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, no arranque do debate da moção de censura do Chega ao Governo.
Contrapondo que “o PSD não é o partido das moções, mas o partido das soluções”, o líder parlamentar do PSD desafiou António Costa a responder sobre as propostas de redução fiscal do partido que serão debatidas e votadas na quarta-feira.
“Está disponível para baixar já o IRS em 2023? Está também disponível para o pacto que o dr. Luís Montenegro sugeriu na semana passada para dar estabilidade à tributação dos jovens?”, questionou, referindo-se a um pedido de entendimento para que a taxa máxima a cobrar aos jovens até 35 anos se fixasse num máximo de 15%, por um período de 15 a 20 anos.
Miranda Sarmento pediu ainda esclarecimentos ao primeiro-ministro sobre a Santa Casa da Misericórdia — “que responsabilidade tem o Governo no descalabro da instituição” — e sobre a situação do secretário-geral do Ministério da Defesa, que continua em funções apesar de ter sido constituído arguido.
“Este é o pior governo de sempre na nossa história”
O presidente do Chega, André Ventura, considerou que o atual Governo é “o pior” da história portuguesa e desafiou os partidos à direita a mostrarem que constituem uma alternativa e que não são cúmplices do PS.
“Este é o pior governo de sempre na nossa história, e este é o pior primeiro-ministro de sempre da nossa história”, afirmou, na abertura do debate parlamentar da moção de censura apresentada pelo Chega.
André Ventura considerou que este é um “Governo sem consistência, sem futuro e que não oferece aos portugueses nenhum futuro”, disse: “conheço associações de reformados que jogam à bisca e à sueca à sexta-feira que têm mais consistência do que este Governo da República”.
No período de respostas a perguntas dos deputados, o primeiro-ministro dirigiu-se pela única vez a André Ventura, embora indiretamente: “não o vou acompanhar na gritaria, no estilo, porque não vale a pena”.
“O senhor deputado consegue ilustrar que o doutor Paulo Portas tem razão quando diz que o desaparecimento do CDS-PP desta Assembleia da República não trouxe mais ideias ao país, só trouxe mais gritaria ao país”, declarou.
“Pactos com este Governo? É uma coça até eles saírem dali”
O líder do Chega afirmou que os partidos que anunciaram que votarão contra ou irão abster-se (como é o caso do PSD) na votação desta moção de censura que tem chumbo garantido “serão cúmplices de um Governo que tem destruído o país, cúmplices de um Governo que não tem soluções nem nada para dar senão a contínua destruição de Portugal”.
PS, BE, PCP, PAN e Livre vão votar contra e o PSD vai abster-se, ficando o Chega e a IL isolados no voto favorável nesta que é a terceira moção de censura desta legislatura.
No debate, Ventura desafiou aqueles que prometeram ser alternativa a terem uma “atitude de quem quer mesmo ser alternativa” e não escolherem “deitar-se com o PS”, considerando que é isso que pede o Presidente da República e também o país.
“Eu ouvi bem, um pacto com o PS para descer os impostos, com este Governo aqui? Com este primeiro-ministro não há pactos, é uma coça até eles saírem dali. Digo coça de forma não ofensiva, coça política”, afirmou.
Pela IL, o ex-líder João Cotrim Figueiredo considerou a moção do Chega como “um bocado infantil”, criticou esta terça-feira na sua intervenção.
Farpas aos “ministros-fantasma”
Entre as justificações para a apresentação desta moção de censura, falou em “caos e descrédito” no Governo, sustentando que a “justiça não funciona, a saúde não dá consultas” e o “combustível e os bens essenciais não param de aumentar”.
Ventura considerou que o Governo está “a desfazer-se” e apontou a existência de “ministros fantasma”, nomeando o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e o ministro das Infraestruturas, João Galamba. Para o presidente de Chega, João Gomes Cravinho “já não é ministro de absolutamente nada” e “mantém-se apenas por capricho do primeiro-ministro”, enquanto João Galamba “é o ministro da pancadaria no ministério”.
No que toca à saúde, André Ventura falou num “país do reino socialista” e apontou descoordenação, criticando a existência de mais de um milhão de portugueses sem médico de família. Recordando a promessa feita pelo primeiro-ministro em 2016 de que todos os portugueses teriam médico de família no ano seguinte, Ventura comentou: “eis a credibilidade” de António Costa.
Em relação à habitação, Ventura considerou que o Governo deu “zero” opções para os portugueses com dificuldade em pagar rendas ou crédito à habitação e apontou que o “Mais Habitação”, vetado pelo Presidente da República, é “um programa digno de Otelo Saraiva de Carvalho”.
ZAP // Lusa
É totalmente errado de considerar o Sr. Costa de “Incompetente” , não é nem por sombras ! . En contrapartida é um incontestável experiente Maquiavélico . En suma , un Politico de raça , como tantos outros !