Apesar de partilharem praticamente a mesma aparência, em habitats não tão distantes, o pinguim-gentoo parece ter-se dividido em quatro populações que têm pouco a ver umas com as outras.
O pinguim-gentoo (Pygoscelis papua) foi descoberto, pela primeira vez, no Oceano Antártico, em 1781. Desde então, os cientistas dividiram as suas populações em duas subespécies: uma que vive nas Ilhas Falkland (P. p. papua) e outra que vive nas Ilhas Shetland do Sul e na Península Antártica Ocidental (P. p. ellsworthi). Mas, agora, conta o site Science Alert, parece que a espécie foi dividida em quatro.
“Pela primeira vez, mostrámos que estes pinguins não são apenas geneticamente distintos, mas também fisicamente diferentes”, disse Jane Younger, que estuda genómica populacional na Universidade de Bath, em Inglaterra.
“Os pinguins-gentoo tendem a ficar perto das suas colónias de origem e, ao longo de centenas de milhares de anos, ficaram geograficamente isolados uns dos outros ao ponto de não se cruzarem entre si, embora pudessem facilmente nadar a distância que os separa”, acrescenta.
Ao usar dados do genoma e medições de amostras de museus, os investigadores encontraram diferenças claras nos genes e na morfologia dos pinguins-gentoo. E estas são grandes o suficiente para que os investigadores pensem que as duas subespécies já reconhecidas devem ser elevadas à categoria de espécie, assim como duas outras novas.
“À primeira vista, parecem muito parecidos, mas quando medimos os seus esqueletos, encontrámos diferenças estatísticas no comprimento dos ossos e no tamanho e na forma dos bicos”, explica Josh Tyler, biólogo evolucionista da mesma universidade britânica e autor principal do estudo publicado, a 5 de novembro, na revista científica Ecology and Evolution.
Segundo o mesmo site, o seu ADN por si só é uma indicação inabalável, confirmando que estes grupos não estão a reproduzir-se. Ou seja, esta diferença básica sugere que as quatro espécies estão a evoluir independentemente umas das outras.
Uma das novas espécies foi identificada nas Ilhas Kerguelen e, em 1927, foi brevemente classificada como uma subespécie (P. p. Taeniata). A quarta espécie vive na Ilha Geórgia do Sul e nunca tinha sido descrita. A equipa chamou-a de Pygoscelis poncetii, em homenagem à cientista e exploradora australiana Sally Poncet, que passou muito tempo nesta ilha a investigar a vida selvagem e a escrever relatórios de conservação.