Football Leaks. PGR e FPF só souberam de ataques informáticos pela PJ

Mário Cruz / EPA/Lusa

A Procuradoria Geral da República (PGR) e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) só souberam que tinham sido alvo de ataques informáticos através da Polícia Judiciária (PJ), revelou esta quinta-feira o inspetor José Amador no julgamento do processo Football Leaks.

A sexta sessão do julgamento, a decorrer no Tribunal Central Criminal de Lisboa, foi exclusivamente dedicada à inquirição de José Amador pelo Ministério Público (MP).

Depois de uma primeira parte mais focada em questões técnicas sobre os recursos usados para anonimização dos alegados acessos de Rui Pinto, criador da plataforma, aos sistemas informáticos de Sporting e Doyen, a tarde ficou marcada pela análise de alguns ficheiros que constavam nos discos apreendidos e que evidenciaram a intromissão na PGR e na FPF.

“Ninguém na PGR fazia ideia do que se estava a passar. Quando começámos a fazer a análise em contexto forense, a PGR aparecia bastas vezes e em múltiplas frentes, entre as quais o correio eletrónico. Começámos a ver coisas que não podiam vir de mais lado nenhum, que estavam em segredo de justiça e eram do exclusivo conhecimento do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)”, afirmou.

Segundo o inspetor da Judiciária, o ex-diretor do DCIAP, Amadeu Guerra, “terá sido uma das grandes portas de entrada no sistema“, sublinhando que o acesso às credenciais do ex-procurador geral distrital de Lisboa foi feito por método de “phishing”, tendo ocorrido entre o final de 2018 e o início de 2019.

Situação similar foi reportada por José Amador em relação à FPF a partir da análise de um dos discos desencriptados apreendidos a Rui Pinto.

“Ao invés de ser a FPF a queixar-se, fomos nós a avisar da situação. Já estávamos próximos do fim do prazo de investigação e quando chamámos o presidente da FPF, Fernando Gomes, demos conta de indícios fortes de algo de errado se estava a passar na estrutura [informática] deles”, notou o inspetor, que reforçou que entre os ficheiros encontrados figuravam “muitas caixas de correio eletrónico” de elementos da Federação.

Em análise estiveram também publicações efetuadas no blogue ‘Mercado de Benfica’, no final de 2018, com o inspetor da Judiciária a catalogá-lo como “uma evolução natural do Football Leaks” e sublinhando o grande peso do Benfica e da sociedade de advogados PLMJ no cômputo geral das publicações.

// Lusa

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