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Mistério resolvido. Cientista descobre por que as pessoas odeiam as árvores urbanas

Outrora conhecida como a Cidade das Árvores, Detroit é agora o lar de dezenas de milhares de árvores mortas. Como resultado, muitos residentes não querem novas árvores plantadas em frente às suas propriedades.

As árvores marcam presença em cada bairro vibrante. Em Detroit, no Michigan, Estados Unidos, um quarto dos residentes recusou árvores de rua gratuitas. Mas porquê?

Christine Carmichael, investigadora da Universidade de Vermont, propôs-se a responder a esta pergunta num dos primeiros estudos que tenta entender a oposição dos habitantes ao programa de plantação de árvores nas cidades.

Em Detroit, 25% dos residentes mostraram-se contra a plantação de árvores urbanas entre 2011 e 2014. Segundo Carmichael, esta pesquisa mostra “de que forma as ações do governo local podem levar os moradores a rejeitar os esforços ambientais que seriam do interesse das pessoas”. O estudo foi publicado a 7 de janeiro na Society and Natural Resources.

Segundo o EurekAlert, a investigadora descobriu que a oposição em Detroit resultava principalmente de experiências negativas do passado, particularmente em bairros pobres que lutavam contra a praga das propriedades desocupadas.

De acordo com a investigação, só em 2014, a cidade tinha cerca de 20 mil árvores mortas ou perigosas, após o fracasso do programa de manutenção de árvores de Detroit, devido a cortes no orçamento e declínio da população.

A maioria dos residentes de longa data acreditavam que a responsabilidade pela manutenção das árvores acabaria por recair nos seus ombros. “Mesmo que as árvores sejam propriedade da cidade, vamos acabar por ter de cuidar delas e limpar as folhas do chão”, disse uma residente.

Além disso, o ceticismo do programa estava também ligado à desconfiança em relação ao governo da cidade. Os residentes queriam, assim, mais poder de decisão na escolha de quais as árvores a plantar em sítios  específicos.

Este tipo de projetos oferece benefícios para a saúde dos moradores, desde a melhoria da qualidade do ar até à redução do crime. Estes benefícios fizeram com que muitas cidades lançassem iniciativas de plantio de árvores nos últimos anos, como é o caso do projeto The Greening of Detroit ou do MillionTreesNYC.

No caso da cidade abordada no estudo, a equipa do The Greening of Detroit, uma empresa sem fins lucrativos contratada para plantar árvores, selecionou espécies de árvores que poderiam sobreviver em ambientes urbanos e garantiu a manutenção de árvores durante três anos após a sua plantação.

No entanto, o programa centrou-se, sobretudo, em educar os moradores sobre os benefícios das árvores e dos seus programas. Como os habitantes não tinham uma palavra no programa de plantação de árvores, os problemas continuavam.

Carmichael acredita que medidas simples, como permitir que os moradores escolham o tipo de árvore a ser plantada em frente à sua casa, podem reduzir as tensões. Investir em comunicação e no acompanhamento dos moradores que recebem as árvores ajudaria também a garantir que as árvores seriam cuidadas sem, contudo, sobrecarregar os cidadãos.

Desde que Carmichael apresentou as suas conclusões ao The Greening of Detroit, a organização instituiu um treino comunitário para os jovens que contratam de modo a irrigar as árvores com mais frequência e, ao mesmo tempo, interagir com os moradores.

“Como resultado, reunimos milhares de moradores, não só para plantar, mas também para entender melhor os benefícios das árvores nas suas comunidades”, disse um responsável.

LM, ZAP //

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